Vacinas pentavalente e tríplice bacteriana estão em falta em postos de saúde de BH

Cinthya Oliveira (*)
17/09/2019 às 20:35.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:48
 (Gil Leonardi/Imprensa MG)

(Gil Leonardi/Imprensa MG)

Os pais que estão levando os filhos para se vacinarem contra difteria, tétano e coqueluche em vários postos de saúde de Belo Horizonte estão voltando para casa sem conseguir imunizar as crianças. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o município não recebeu, até o momento, as últimas remessas das doses da pentavalente e da tríplice bacteriana (DTP).  O Hoje em Dia procurou pelas vacinas em 18 postos de saúde de BH e constatou falta de doses da pentavalente em 11 unidades. Havia estoque, na manhã desta quarta-feira (18), nos postos dos bairros Pompéia, Goiânia, Vila Ermelinda, Palmeiras, Vila Oeste e Alípio de Melo.

A DTP não foi encontrada em onze postos da cidade. Havia vacinas disponíveis nos centros de saúde Boechat de Menezes, Goiânia, Ermelinda, Palmeiras, João XXIII, Padre Tiago e São José. É importante lembrar que há alterações nos estoques constantemente.

Segundo a SMS, em algumas unidades de saúde ainda há estoque remanescente destas vacinas e sempre que possível a secretaria realiza remanejamento.

A vacina pentavalente garante a proteção contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo B, responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta. Deve ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade. Essa vacina está em falta em várias cidades brasileiras porque o produto, que era importado da Índia, foi reprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Foram devolvidas 3 milhões de doses. Foi necessária a compra de outros fornecedores pelo Ministério da Saúde.

A vacina tríplice bacteriana (DTP) produz imunidade contra difteria, tétano e coqueluche e é aplicada nas crianças com 15 meses e 4 anos, como reforço em relação à pentavalente. Confira o Calendário Nacional de Vacinação aqui

A jornalista Iaçanã Woyames, de 35 anos, está peregrinando por centros de saúde de Belo Horizonte para imunizar a filha de dois meses com a pentavalente. "Eu fui a três postos e me falaram que não tinha e não havia previsão para chegar. Tenho conversado com amigas e todas estão com dificuldade de encontrar. Uma amiga me contou que conseguiu vacinar a criança no posto do bairro Fernão Dias na sexta-feira. Vou lá, mas talvez não encontre", afirmou Iaçanã, que pesquisou pelo produto na rede particular e encontrou valores próximos a R$ 200.

Sem solução imediata

Após o problema com a empresa indiana que fornecia a pentavalente, o Ministério da Saúde solicitou a reposição do fornecimento à Organização Mundial da Saúde/ Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mas não há disponibilidade imediata desse produto no mundo. As 6,6 milhões de doses adquirdas começaram a chegar de forma escalonada em agosto no Brasil e a previsão é que o abastecimento voltará à normalidade a partir de novembro, segundo a pasta. "Quando os estoques forem normalizados, o Sistema Único de Saúde fará uma busca ativa pelas crianças que completaram dois, quatro ou seis meses de idade entre os meses de agosto e novembro para vaciná-las", afirmou a pasta.

Sobre a DTP, neste ano, foram enviadas 2,4 milhões de doses aos estados, sendo mais de 190 mil para Minas Gerais, de acordo com o ministério. A distribuição foi reduzida devido a um problema de temperatura das doses (variação de temperatura no transporte para o Brasil). “A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aguarda parecer da OPAS para avaliar a liberação do produto. Assim que as doses estiverem disponíveis, a distribuição será regularizada”.

Mesmo com a falta dessas vacinas, o ministério afirma que não há motivo para alarde em relação às doenças protegidas pelas doses. “Não há dados que ensejem emergência epidemiológica no Brasil das doenças cobertas pela vacina pentavalente. Ainda assim, neste momento, os estoques nacionais são suficientes para realização de bloqueios vacinais, caso surtos inesperados apareçam”, afirmou a pasta.

Recomendação

A vacina pentavalente está em falta desde agosto em centros de saúde da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Caso os bebês muito novos não tenham sido imunizados contra as cinco doenças protegidas na dose (uma opção é dar as vacinas separadamente), uma opção é dá-las separadamente.

Coordenadora do curso de Enfermagem das Faculdades Promove e Kennedy, a professora Débora Gomes Pinto recomenda que os pais dos bebês  que não conseguirem a primeira dose evitem levar as crianças a lugares com muitas pessoas, porque, em bebês pequenos, doenças como coqueluche e difteria podem matar. 


Sarampo

Neste momento, o sarampo é a doença que mais provoca apreensão na população,já que um surto foi constatado em Minas Gerais. Em Belo Horizonte, todos os centros de saúde estão abastecidos com a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, de acordo com a secretaria municipal. “Unidades que apresentam faltas pontuais de vacina são prontamente reabastecidas”, diz a pasta.

O abastecimento dessa vacina deve ser reforçado em postos de toda Minas Gerais. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que a previsão é que chegue até o final desta semana o quantitativo de 543.371 doses da vacina. “Deste quantitativo 350.000 doses para as ações de rotina e 193.000 doses para as crianças de 1 a 5 anos de idade para a Campanha contra o Sarampo no mês de Outubro”, informou a SES. (Com Maiara Brito, sob supervisão de Cássia Eponine)

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