Vale anuncia paralisação de trens de carga por risco em barragem de Barão de Cocais

José Vítor Camilo
20/05/2019 às 15:46.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:44
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Quatro dias após anunciar a mudança no itinerário do trem de passageiros por conta do iminente rompimento a qualquer momento de uma estrutura da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central do Estado, a Vale anunciou nesta segunda-feira (20) que paralisou também o transporte de carga no ramal de Belo Horizonte, entre Sabará e a mina, que é atendido pela Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM). 

Conforme a companhia, a paralisação aconteceu já no domingo (19) e, desde então, está avaliando alternativas para minimizar os impactos decorrentes da interrupção do serviço. 

"O trem circula nas imediações da cava da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), onde foram identificadas recentemente movimentações no talude Norte da estrutura. A medida, que segue em alinhamento com a Agência Nacional de Mineração (ANM), busca preservar a  segurança das pessoas e ficará em vigor até que a Vale realize análises de risco mais aprofundadas. A cava e a barragem são monitoradas 24h por dia", diz a empresa ao anunciar a paralisação. 

A mudança no procedimento no trem de passageiros aconteceu na última quinta-feira (16), também por tempo indeterminado. Desde então, os passageiros que embarcam na estação da capital mineira são conduzidos até a estação Dois Irmãos, em Barão de Cocais, por meio de ônibus alugados pela Vale. 

"Da estação de Dois Irmãos, os passageiros seguem viagem por trem. No sentido contrário (Vitória / Belo Horizonte) os passageiros estão desembarcando do trem na estação Dois Irmãos e seguindo por meio rodoviário até o destino final", finaliza a mineradora. 

Situação

Na última quarta-feira (15) a Defesa Civil de Minas Gerais divulgou a movimentação de quatro centímetros em um talude da mina Gongo Soco, da Vale. Esta estrutura é um plano de terreno inclinado que limita um aterro e tem como função garantir a estabilidade da estrutura. A parede em risco está localizada na face norte da cava da mina, que está desativada.

A queda da estrutura em si não afeta a barragem, que está localizada a 1,5 km de distância, entretanto, existe a possibilidade dela causar um abalo sísmico que pode ser o gatilho para o rompimento da barragem, que tem 6 milhões de m³ de rejeitos de minério, segundo a ANM. 

Na quinta-feira (16) o MPMG divulgou que teve acesso a um documento da própria Vale que traz uma previsão sobre quando o talude deverá se romper. "A empresa Vale S/A estima que, permanecendo a velocidade de aceleração de movimentação do talude norte da Cava da Mina de Gongo Soco, sua ruptura poderá ocorrer no período de 19 a 25 de maio de 2019, gerando vibração que poderá ocasionar a liquefação da Barragem Sul Superior e sua consequente ruptura", aponta a promotoria. 

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