Vale garante estabilidade de barragens de Itabira, mas anuncia plano de emergência

Rosiane Cunha
19/02/2019 às 20:30.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:37
 (Câmara Municipal de Itabira/Divulgação)

(Câmara Municipal de Itabira/Divulgação)

A Vale vai colocar em prática um plano de emergência de barragens em Itabira, na região Central de Minas, berço da mineradora. O anúncio foi feito na tarde desta terça-feira (19) pelo gerente-executivo do Complexo Itabira e Água Limpa, Rodrigo Chaves, na Câmara Municipal da cidade.

A empresa possui 15 barragens em Itabira, cadastradas na Agência Nacional de Mineração (ANM), e todas se enquadram na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), caracterizadas entre barragens de rejeitos e de sedimentos. A Vale garantiu que as estruturas possuem declarações de estabilidade e passam por constantes auditorias externas e independentes. 

Mesmo assim, o representante da mineradora atendeu a um requerimento dos vereadores para prestar esclarecimentos e foi acompanhado do engenheiro Quintiliano Guerra, que apresentou o Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM).

Os funcionários informaram que, a partir de 27 de fevereiro, uma equipe de 100 pessoas começa a visitar quem mora na chamada Zona de Autossalvamento (ZAS) do PAEBM, que são moradores que estão em um raio de até 10km de distância das barragens de Itabiruçu, Pontal, Rio de Peixe, Conceição e Santana. 

Esse trabalho deve durar dois meses. "Revisamos toda a estratégia de apresentação do PAEBM do município para alcançarmos toda a população da ZAS até abril. Além do atendimento domiciliar, iremos entregar um mapa da região com a indicação da rota de fuga e do ponto de encontro daquele morador, com telefones de contato da Vale e da Defesa Civil, e apresentaremos o som da sirene para conhecimento", explicou Chaves.

A medida é preventiva e vai orientar a população como proceder em caso de emergência, como evacuação de área pelas rotas de fuga e os pontos de encontro em caso de uma evacuação.

Segundo Chaves, 14 mil pessoas estão nas áreas de impacto no caso de um acidente, o que corresponde a aproximadamente 5 mil casas do município, que fica a 100 km de Belo Horizonte. 

A mineradora também vai instalar 93 placas de sinalização sobre os pontos de encontro no município, e um grupo de trabalho formado por funcionários da Vale e da Defesa Civil começa a ser capacitado para o caso de acidentes.

Para o vereador André Viana (Podemos), autor do requerimento, essa foi a primeira vez que um representante da empresa apareceu publicamente para se posicionar sobre as barragens instaladas em Itabira. “Ele garantiu a normalidade das barragens, mas informou que não pode atestar o risco zero de acidentes”, informou o parlamentar, que também é presidente do Sindicato Metabase, que representa mais de 4 mil funcionários da Vale.

De acordo com Viana, o fato da mineradora ter se posicionado foi muito importante, mas segundo ele, Rodrigo Chaves foi evasivo em alguns pontos do plano de emergência e também em relação ao ressarcimento das pessoas em caso de acidente. 

André Viana disse que a população da cidade está muito apreensiva desde o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A tragédia deixou centenas de mortos..

Além disso, outro fato que contribuiu para o medo da população foi a prisão, em um condomínio de Itabira, do engenheiro Joaquim Toledo, responsável pela área de geotecnia da empresa. Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Toledo e mais sete funcionários da mineradora teriam conhecimento dos problemas na estrutura da barragem de Brumadinho

“Nós vamos continuar cobrando e estamos buscando parcerias com universidades para que seja feito um estudo independente financeiramente da empresa que possa atestar a segurança dessas barragens. Também vamos requerer uma audiência pública para tratar do assunto”, conclui Viana.

Ainda segundo a Vale, conforme determina a portaria do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), as 11 estruturas devem contar com PAEBMs e já tiveram seus respectivos planos de emergência atualizados e protocolados na Prefeitura de Itabira, além das defesas civis municipal, estadual e federal. 

Evacuações 

Em 8 de fevereiro, a Agência Nacional de Mineração (ANM) determinou a retirada de 239 pessoas das comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras, por causa da Barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas. Os moradores saíram de casa por volta de 1h, após sirenes serem acionadas.

De acordo com a Vale, a consultoria Walm negou a Declaração de Condição de Estabilidade da estrutura e, por isso, a mineradora começou a executar o nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração. A produção de minério de ferro da mina de Gongo Soco está paralisada desde abril de 2016, diz a Vale.

Em 16 de fevereiro, outras 200 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas por precaução por conta da barragem B3/B4, da Mar Azul, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

De acordo com a Defesa Civil, auditores que fazem a leitura da estrutura, que é a montante, atestaram para instabilidade. Ela tem aproximadamente 3 milhões de m³ de rejeito e a sirene soou por volta das 20h20.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o plano de emergência retirou moradores de 49 casas do distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, a 25 quilômetros de BH. Atualmente, a barragem está no nível 2, que determina a saída das pessoas.

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