Vale perde declaração de estabilidade de dez novas barragens; 17 estruturas estão sob risco em Minas

José Vítor Camilo
01/04/2019 às 14:56.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:02
 (Marcelo Prates/Arquivo Hoje em Dia)

(Marcelo Prates/Arquivo Hoje em Dia)

O número de barragens da Vale em Minas Gerais interditadas por conta da elevação do risco de rompimento subiu de sete para 17 nesta segunda-feira (01).  A própria mineradora divulgou nesta segunda-feira (1º) que as Declarações de Controle de Estabilidade (DCE) - documento que garante a manutenção das operações - de outras dez estruturas venceram levando à elevação ao nível 1 de emergência nestas estruturas. Dntre todas as estruturas sob risco, sete delas estão em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

Entre as represas que não conseguiram ter o documento renovado, estão as sete que tiveram o nível de emergência elevados e onde já ocorreram evacuações nas Zonas de Auto Salvamento (ZAS), sendo elas: Sul Superior, da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (nível 3); B3/B4, da mina Mar Azul, em Macacos (nível 3); Forquilha I (nível 3), II (nível 2) e III (nível 3) e barragem Grupo (nível 2), todas na mina Fábrica, em Ouro Preto; e a barragem Vargem Grande, do Complexo Vargem Grande, em Nova Lima (nível 2). 

Agora, ainda de acordo com a Vale, a não obtenção dos DCEs ocasionou a elevação para o nível de emergência 1 em outras dez estruturas. Confira a lista das dez novas barragens que foram interditadas: 

- Dique Auxiliar da Barragem 5, da Mina de Águas Claras, na divisa de BH e Nova Lima

- Dique B e barragem Capitão do Mato, da mina de Capitão do Mato, em Nova Lima

- Barragem Maravilhas II, do complexo de Vargem Grande, em Nova Lima 

- Dique Taquaras, da mina de Mar Azul, em Macacos (Nova Lima)

- Barragem Marés II, do complexo de Fábrica, em Ouro Preto 

- Barragem Campo Grande, da mina de Alegria, em Mariana

- Barragem Doutor, da mina de Timbopeba, em Ouro Preto

- Dique 02 do sistema de barragens de Pontal, do complexo de Itabira 

-  Barragem VI, da mina do Córrego de Feijão, em Brumadinho. 

Ainda conforme a nota divulgada pela mineradora, apesar das interdições e elevação do nível de risco, ainda não é necessária a evacuação das populações das zonas de autossalvamento nestas dez novas barragens em risco. 

"Os auditores externos reavaliaram todos os dados disponíveis das estruturas e novas interpretações foram consideradas em suas análises para determinação dos fatores de segurança, com a adoção de novos modelos constitutivos e parâmetros de resistência mais conservadores. Para assegurar a estabilidade das estruturas, diante dos novos parâmetros e seguindo as orientações do poder público, em especial da Agência Nacional de Mineração (ANM), a Vale está trabalhando com seus técnicos e especialistas de renome mundial em investigações complementares para garantir que o modelo utilizado pelos auditores externos está adequado e já está planejando medidas de reforço para o incremento dos fatores de segurança destas estruturas", alega a empresa. 

No texto divulgado, a Vale chega a afirmar que a perda dos documentos que garantem operação e a consequente elevação do nível de risco das 17 estruturas "não agrava seu fator de segurança, nem altera a projeção de vendas de minério de ferro e pelotas entre 307 e 332 milhões de toneladas". 

Após tranquilizar seus investidores com a informação de que o volume de vendas da empresa não será afetado, a Vale então reiterou que a sua prioridade "é com a segurança de todas as suas estruturas e, consequentemente, da população e trabalhadores a jusante. A produção dessas localidades somente será retomada quando a segurança das estruturas estiver assegurada". 

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