Por laudo favorável, Vale teria trocado de empresa para atestar segurança de barragem em Brumadinho

Da Redação
07/03/2019 às 17:29.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:52
 (Corpo de Bombeiros/Divulgação)

(Corpo de Bombeiros/Divulgação)

A força-tarefa que investiga o rompimento da barragem de Brumadinho, na Grande BH, que deixou 193 mortos e outros 115 desaparecidos, investiga se a Vale teria cancelado um contrato com a empresa responsável pela inspeção da estrutura, após a contratada não atestar a segurança da barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, que provocou a tragédia.

Segundo reportagem da agência internacional de notícias Reuters, a empresa de engenharia belga Tractebel, subsidiária da francesa Engie, foi dispensada quatro meses antes da tragédia pela mineradora brasileira, que avisou que não solicitaria mais ao auditor que fizesse as inspeções regulares na estrutura. 

A informação foi repassada à agência de notícia por promotores responsáveis pela investigação, como justificativa do porquê deles quererem que os altos executivos da Vale fossem demitidos. Para encerrar o contrato com a empresa belgo-francesa, a mineradora teria alegado "divergências nos critérios utilizados para avaliar a segurança geotecnológica”.

Depois disso, a Vale firmou o contrato com a alemã Tüv Süd, que acabou atestando a segurança da barragem que se rompeu em janeiro. Pouco tempo após a tragédia, a Polícia Federal (PF) prendeu cinco engenheiros que prestaram serviço para a Vale e que atestaram a segurança da barragem. Após uma semana detidos, os dois funcionários da empresa alemã e três funcionários da Vale conseguiram um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma vez que, segundo os ministros, não existiam "fundamentos legais que justificassem a prisão temporária dos presos".

Ainda conforme a agência Reuters, os promotores responsáveis pela investigação da tragédia alegam que a prática de pressionar os inspetores para aprovar as revisões, mesmo que "violassem as especificações técnicas exigidas" era "prática recorrente" da unidade geotécnica da Vale, setor que foi criado após a tragédia de Mariana, em 2015. 

Os promotores disseram ainda que esta unidade "agiu de forma sistemática para certificar como estáveis ​​barragens que não atendiam aos parâmetros legais estipulados pela própria empresa, tanto que em mais de uma ocasião a área geotécnica substituiu os auditores externos que se recusaram a fazer declarações”.

Todas as afirmações estariam contidas no documento do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que foi entregue na semana passada à Vale, recomendando a imediata "remoção temporária" do então presidente da empresa, Fabio Schvartsman, bem como do chefe da Ferrous Metals, Peter Poppinga, e outros executivos.

Após isso, a Vale divulgou no fim da noite deste sábado (2) uma carta em que o executivo Fábio Scharvtsman pedia demissão da mineradora. No texto, Scharvtsman declarava que deixava a presidência em benefício da continuidade dos negócios da empresa, mas sinalizava que o afastamento poderia ser "temporário". 

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