Vandalismo: escultura de escritor mineiro é arrancada da Biblioteca Pública de Minas Gerais

Da Redação*
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19/03/2021 às 14:14.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:27
 (Humberto Werneck)

(Humberto Werneck)

A escultura em tamanho real do escritor mineiro Murilo Rubião foi derrubada nos jardins da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, no Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, no fim da noite dessa quinta-feira (18). A obra não sofreu danos e será recolocada.

De acordo com Osório Couto, diretor do Livro e Literatura da biblioteca, um homem chegou ao local, por volta das 23h16, derrubou a estrutura e fugiu correndo. A situação só foi descoberta na manhã desta sexta-feira (19).

"A base deslocou e, graças a Deus, não houve danos na peça. É muito desagradável isso acontecer com um dos maiores escritores que nós tivemos, pai do realismo em Minas Gerais, um dos maiores do Brasil, que é o Murilo Rubião, que foi diretor da Imprensa Oficial e fez o Suplemento Literário, que tá aí firme", relatou o gestor.

Conforme Osório, a situação de degradação de obras artísticas é recorrente no local. "Está cheio de vândalos por aqui, depredando o patrimônio público, que todo mundo tem que preservar", afirmou.Humberto B/Biblioteca Pública/Divulgação

O escritor Murilo Rubião

Segundo Osório, as imagens de câmeras do local já estão com a Polícia Militar para os trabalhos de identificação do autor. Ainda não há previsão de quando o item será recolocado nos jardins. O criador da obra, Leo Santana, foi chamado para avaliar e realizar a instalação da peça.

Em nota, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) informou que, após o ato de vandalismo, guardou a escultura e está atuando para restaurar a estátua e colocá-la novamente no lugar de origem, "nas melhores condições". A pasta também declarou que o comando da Polícia Militar foi acionado e a identificação dos responsáveis pelo ato está sob responsabilidade da corporação.

"Ainda não é possível anunciar uma previsão para que isso ocorra, mas, assim que o levantamento for feito, a Secult fará um novo comunicado", informou.

A Guarda Municipal de BH informou, em nota, que, por se tratar de patrimônio público estadual, localizado próximo a uma sede da Polícia Militar, em frente a uma câmera do Olho Vivo (pertencente à própria PM), não houve solicitação de apoio feita ao Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH).

A obra

A escultura de Murilo Rubião foi instalada nos jardins da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais em 10 de junho de 2017, um ano após a comemoração do centenário do artista. Ela foi pensada para estar em área próxima à obra Encontro Marcado, que reúne esculturas de Fernando Sabino, Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos.

Numa referência simbólica à convivência de Murilo com os chamados "Quatro Cavaleiros do Apocalipse", a escultura do precursor do realismo fantástico em língua portuguesa foi originalmente posicionada de forma a sugerir um encontro entre os autores. Na escultura, Rubião tem em mãos um exemplar do Suplemento Literário de Minas Gerais – publicação criada por ele há mais de 40 anos.

O jornalista Humberto Werneck postou uma imagem da escultura caída e lamentou a situação no perfil dele no Facebook. Veja:

Amanheceu caída por terra, no maltratado jardim da Biblioteca Estadual de Minas Gerais, a estátua do escritor Murilo...Publicado por Humberto Werneck em Sexta-feira, 19 de março de 2021

Murilo Rubião

Nascido em Carmo de Minas, no Sul do Estado,s em 1916, e criado em Belo Horizonte, Murilo Rubião formou-se em Direito, foi funcionário público e chefe de gabinete do governador Juscelino Kubitschek. Durante cinco anos, esteve na chefia do escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil em Madri (Espanha).

Jornalista, criou em 1966 o Suplemento Literário do Diário Oficial de Minas Gerais e dedicou-se exclusivamente ao conto. Rubião publicou os livros O ex-mágico (1947), A estrela vermelha (1953), Os dragões e outros contos (1965), O pirotécnico Zacarias (1974), O convidado (1974), A Casa do Girassol Vermelho (1978) e O homem do boné cinzento (1990). Ele morreu na capital mineira em 1991. As informações são da editora Companhia das Letras.

* Com Lucas Prates.

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