Veículos podem seguir matando

Hoje em Dia
15/12/2013 às 07:47.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:48

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, está ficando isolado na defesa que ele começou a fazer, na última quinta-feira, para que 20% dos veículos brasileiros continuem a sair das linhas de montagem, até janeiro de 2016, sem dois importantes equipamentos de segurança – airbags e freios ABS – que deveriam se tornar obrigatórios para todos, dentro de 17 dias.   Em 2009 e 2011, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou resoluções determinando que as montadoras aumentassem, gradualmente, o uso daqueles equipamentos. Neste ano, o percentual chegou a 60% e deveria subir para 100% no próximo dia 1º de janeiro, mas Mantega defende que, para evitar desemprego e aumento de preço, suba primeiro para 80%, só chegando à totalidade dos veículos novos em 2016.    O ministro disse que as montadoras pediram o adiamento, o que foi negado pela entidade que as representa. Quem admite ter pedido é o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP), justificando que 2 mil trabalhadores perderiam o emprego com o fim da produção da Kombi e do Gol G4, pois a Volkswagen não acha viável adaptá-los aos novos equipamentos.    Porém, a principal questão a ser considerada não é nem preço nem emprego, mas vidas. Esses equipamentos de segurança são adotados por todas as montadoras, há vários anos, nos Estados Unidos e na Europa, onde os veículos são mais seguros e custam menos ao consumidor. Aqui, as montadoras são mais lucrativas.    O Latin NCAP, braço latino-americano do Global NCAP, programa independente de segurança automotiva, vem demonstrando em seus testes que os carros brasileiros fabricados pelas multinacionais não satisfazem, em sua maioria, os requisitos internacionais de segurança. E não apenas por falta de airbags e freios ABS. O governo não pode se omitir nessa questão, principalmente porque ele gasta muito para cuidar dos feridos em acidentes de trânsito causados por veículos pouco seguros.   É interessante que tenha partido de fabricantes de equipamentos de segurança a reação à proposta do ministro da Fazenda. A Bosch investiu desde o ano passado R$ 22 milhões numa nova linha de produção de ABS no Brasil visando a atender o aumento da demanda previsto para 2014. Ela teme as consequências econômicas do adiamento. E lamenta que tudo que havia programado em quatro anos possa ser mudado em poucos dias. Também as fabricantes Continental e TRW criticaram a proposta de Mantega.   No início de 2012, havia apenas uma fabricante de ABS no Brasil, a Bosch. Agora são três, com capacidade instalada para produzir 4 milhões de sistemas por ano. E os dois maiores fornecedores de airbags se prepararam para fabricar 3 milhões de conjuntos.   São projetos que exigem tempo, dinheiro e um mínimo de credibilidade. As empresas acreditaram na seriedade das duas resoluções do Contran...      

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