Veja comparativo da capital mineira frente às melhores cidades do mundo para se viver

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
19/07/2015 às 07:51.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:58

Em uma ponta, Tóquio, dona da área urbana mais populosa do mundo, onde a expectativa de vida é de 83 anos e as pessoas passam, em média, 11 deles na escola. Na outra, a Cidade das Rosas, como é conhecida Portland (EUA), uma das dez mais verdes, com carros movidos a bateria elétrica. Entre elas, algo em comum: ambas fazem parte do seleto grupo dos 25 melhores locais do planeta para se viver.   Nenhum município brasileiro foi enumerado no ranking, que será divulgado na dupla edição de julho e agosto da revista inglesa Monocle.      Como ficaria Belo Horizonte frente às cidades mais desenvolvidas do mundo? Com transporte público deficiente, número exorbitante de veículos e falhas estruturais crônicas, a capital mineira poderia se envergonhar diante das “gigantes”, como mostra levantamento do Hoje em Dia, respeitando os dados utilizados pela publicação estrangeira.    A prefeitura, no entanto, acredita caminhar no rumo certo para alcançar o desenvolvimento pleno e o tão esperado reconhecimento internacional.   A publicação europeia considerou fatores básicos (índice de criminalidade, educação, qualidade da saúde e da assistência médica) e aspectos específicos, como quantidade de bibliotecas, rotas internacionais, ciclovias e preço médio de um bom almoço.    BIBLIOTECAS       No quesito cultura, BH está muito aquém de importantes nações europeias. Enquanto Hamburgo (21º) e Genebra (22º) têm, por exemplo, 258 e 69 bibliotecas, respectivamente, nossa capital oferece um único espaço público, mantido pelo Estado: a Biblioteca Pública Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade.   Soa ainda mais absurdo para quem já experimentou a vida em países de primeiro mundo. “Eu amaria ter a possibilidade de estudar na biblioteca em vez de ficar em casa, ter acesso a outras fontes de informação, conhecer pessoas. Aqui, as pessoas não se sentem convidadas a frequentar bibliotecas, talvez por não ter uma estrutura tão legal”, lamenta a comunicadora belo-horizontina Simone Cota Silva, de 35 anos, que viveu quatro anos e meio em Paris, 15ª do ranking. A Cidade Luz tem 58 espaços públicos, considerando-se apenas as bibliotecas municipais.   IMPORTÂNCIA   Presidente da Academia Mineira de Letras, Olavo Romano associa às bibliotecas o papel de suplementar a formação dos cidadãos. “É incrível a transformação que o livro faz na vida das pessoas. A biblioteca têm papel fundamental em uma sociedade, tem recursos que existem para tornar a leitura mais estimulante e incentivar a socialização”.     Na Europa, bicicletas se firmam como meio de transporte; capital mineira precisa pedalar     Disparada no ranking como a cidade com o maior número de vias exclusivas para bikes, a Capital Mundial das Bicicletas, como ficou conhecida Amsterdã, tem algo em torno 700 quilômetros de ciclovias. São quase dez vezes mais do que o circuito oferecido em BH. Por aqui, o transporte seguro sobre duas rodas pode ser feito em 74 dos 4.600 quilômetros de ruas e avenidas da cidade, ou seja, em 1,6% da extensão total.    A publicitária e estudante de artes plásticas Bruna Castro, de 27 anos, é uma das moradores de BH que, mesmo com o número reduzido de vias exclusiva, se arriscam entre um morro e outro. E a insuficiência de trajetos não é o único problema enfrentado por ela e pelos ciclistas da capital. Percursos mal feitos, desrespeito de motoristas e falta de segurança para pilotar são obstáculos comuns. “As ciclovias são insuficientes. Começam de repente e acabam em lugar nenhum, são mal distribuídas e te deixam na mão em vários aspectos”, reclama. Não bastassem os milhares de quilômetros a ser, literalmente, percorridos para se chegar ao patamar ideal de ciclovias em uma grande metrópole, falta ao belo-horizontino cultura para encarar a bike como veículo de transporte. A opinião vem de quem viveu três anos em Copenhagen, na Dinamarca, 11º no ranking e uma das mais preparadas para atender ao ciclista, com 45% de vias demarcadas.    “Além de prezarem por uma vida mais saudável e politicamente correta, os dinamarqueses, mesmo tendo um transporte público que funciona, usam a bike como transporte e até atravessam o país pedalando. Quem tem carro simplesmente por bel-prazer é chamado de preguiçoso”, diz a administradora Monique Frade, de 33 anos.     PARA TODOS   Integrante da União de Ciclistas do Brasil (UCB), Guilh[/TEXTO]erme Tampieri partiu da capital mineira para a capital francesa (15ª da lista), onde vive atualmente para pesquisar o uso da bicicleta pelos europeus.    Muito mais do que discutir espaços exclusivos, que, segundo ele, segregam o ciclista, é preciso pensar em possibilidades que permitam o uso compartilhado das vias. “Na Europa, as cidades estão investindo na redução das velocidades permitidas por carros, solução mais barata e efetiva. Se uma cidade quiser ter muita gente pedalando, em torno de 6% da população, é preciso planejar para permitir a coexistências do fluxo de carros, de pedestres e ciclistas”, avalia.    A meta da BHTrans é triplicar a quantidade de ciclovias até o fim do ano que vem, totalizando 240 quilômetros. Nos últimos quatro anos, porém, o avanço foi tímido, de 50 quilômetros. Em Paris, a meta também é triplicar a extensão das ciclovias, mas até 2020, num investimento de R$ 490 milhões. 

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