Viagens pela Grande BH quintuplicam em 30 anos

Danilo Emerich - Hoje em Dia
27/09/2014 às 09:31.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:22
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

O cirurgião geral Gustavo Monteiro Vasconcelos, de 35 anos, cruza diariamente parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte para trabalhar. Morador da capital, ele atende um dia em Sabará, outro em Nova Lima, além de também atuar em Caeté e Santa Luzia. Os deslocamentos fazem do médico uma das 500 mil pessoas que todo dia atravessam a Grande BH para garantir o sustento.   As viagens deste tipo quintuplicaram em 30 anos, entre 1980 e 2010. É a constatação do estudo sobre a mobilidade viária entre as cidades da Grande BH, realizado pelo doutorando do Cedeplar, da UFMG, Breno Pinho, sob orientação do professor Fausto Brito. As consequências do aumento são percursos mais longos, congestionamentos, perda de horas no dia no trânsito, queda na qualidade de vida, poluição e a necessidade de investimentos de infraestrutura.   Dividindo a cidade em seis vetores, o estudo analisou os deslocamentos casa x trabalho entre as 34 cidades da Grande BH, com base nos dados do Censo de 1980 e 2010, feito pelo IBGE. O número de pessoas que precisam viajar entre os municípios para trabalhar passou de 11% para 21%. Ou seja, de 102.300 para 501.100.   Segundo Breno Pinho, em 1980, a maioria dos trabalhadores morava em BH. Agora, metade da população da região metropolitana reside na capital e a outra metade nas cidades vizinhas. Além disso, também foi ampliada a interação periferia – Belo Horizonte e entre os próprios municípios periféricos.   “Apesar do equilíbrio, Belo Horizonte ainda é o grande centro de empregos. A atividade econômica foi para a periferia. Porém, o crescimento demográfico em outros municípios foi mais rápido que a expansão de empregos nessas regiões”, explicou.   Rotina   O médico Gustavo Monteiro Vasconcelos disse que já pensou em mudar de cidade para reduzir os deslocamentos. “Gasto entre duas a três horas todos os dias no meu carro”, afirmou.   Quem também se desloca todos os dias entre as cidades da Grande BH é a estudante de moda Melissa Glória Martins de Souza, de 20 anos, que chega a perder, em média, quatro horas por dia nas viagens entre Nova Lima e Belo Horizonte. “Vou de manhã para trabalhar e à noite, para estudar. É um incômodo. Assim que for possível vou tirar habilitação para carro para fazer os trajetos”, disse.    Qualidade de vida piora sem investimentos   O aumento dos deslocamentos pendulares, sem investimento em transporte público, resulta em mais uso de veículos particulares, aumentando os congestionamentos. É o que afirma o economista e demógrafo Mário Rodarte. “Então, se gasta mais tempo para chegar em qualquer ponto, há maior emissão de poluentes e temos uma piora na qualidade de vida”, disse.   Já o especialista em trânsito e transporte, Silvestre Andrade, afirmou que a expansão para cidades vizinhas e a criação de novos centros econômicos é uma das soluções para a mobilidade urbana. “Porém, se a pessoa não mora perto do trabalho, há um aumento de deslocamentos. Os congestionamentos atuais são reflexo da falta de planejamento viário ao longo dos anos”, observou.   Solução   Até o segundo semestre de 2015, a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte pretende concluir um estudo para traçar alternativas viárias para cada cidade da Grande BH com um olhar macro. O diagnóstico custará cerca de R$ 1,5 milhão e incluirá planejamento viário, obras programadas e políticas de incentivo ao transporte não motorizado, além de questões ambientais e sustentabilidade.   Seis corredores viários   O estudo identificou seis principais corredores viários. A maior parte dos deslocamentos é feita na saída de cidades dos vetores Alto Oeste e Norte Central para Belo Horizonte. O conjunto desses corredores respondia a 82,6% das viagens metropolitanas em 1980. Apesar da queda, em 2010 respondiam ainda por 74% dos fluxos.

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