Violência de aglomerados é transferida para conjuntos habitacionais

Renato Fonseca - Do Hoje em Dia
08/01/2013 às 22:57.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:26
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

O consumo e a venda de entorpecentes são irrestritos. Em plena luz do dia, cigarros de maconha passam de mão em mão e até mesmo papelotes de cocaína são obtidos com facilidade. Homicídios não cessam e criminosos impõem o terror, expulsando famílias de casa e comandando o tráfico de drogas. Moradores inocentes vivem amedrontados e evitam falar sobre os problemas.

O cenário típico de um aglomerado foi transferido para conjuntos habitacionais de Belo Horizonte. Erguidos para retirar famílias sem-teto de áreas de risco, dando mais qualidade de vida à população, as unidades populares ainda seguem à risca as “leis” impostas por diferentes facções criminosas.

Especialistas são unânimes em apontar que não basta retirar os moradores da favela sem melhorar e aumentar os serviços públicos da região a ser ocupada. “São pessoas de extrema vulnerabilidade social. A vida delas muda completamente, desde a perda de um antigo vizinho ao comportamento adequado dentro de um condomínio”, destacou o especialista em segurança pública e pesquisador da PUC Minas, Robson Sávio.

“O que tem sido feito é apenas uma remoção das famílias, mas, sem se pensar no aumento da demanda do posto de saúde, nas escolas para as novas crianças e na companhia da Polícia Militar da região”. Segundo ele, a limitação dessas políticas sociais favorece a continuidade da criminalidade, antes praticada no morro.

As palavras dele são amparadas pela demógrafa e socióloga da UFMG, Paula Ribeiro. Para ela, a solução dos crimes violentos não se limita à condição da antiga moradia. A especialista defende a execução de programas sociais regulares, principalmente junto às crianças.

PROGRAMAS

A Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) se defende e diz que faz trabalhos constantes antes e depois da família ocupar o imóvel popular. Já a Secretaria Municipal de Segurança Urbana admite que em todos os conjuntos é possível detectar casos de violência motivados pelo tráfico.

Segundo a pasta, o plano integrado de segurança, lançado em 2011, teve bons resultados. Várias prisões foram feitas – o número exato não foi informado –, em especial de um indivíduo de alta periculosidade na região do Barreiro.

Sessenta conjuntos habitacionais atendidos pela Política Municipal de Habitação, onde residem cerca de 7 mil famílias, são acompanhados pela Secretaria de Segurança. Ações sociais, como um convênio com a Arquidiocese de BH, têm sido realizados.

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