Viveiro para recuperar jardins de Burle Marx é presente pelos 3 anos de título da Pampulha

Lucas Eduardo Soares
16/07/2019 às 21:11.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:34
 (Laura Mourão/Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica)

(Laura Mourão/Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica)

Os jardins de Burle Marx estão mais vivos no Conjunto Moderno da Pampulha, chancelado há exatos três anos como Patrimônio da Humanidade, pela Unesco. A data, celebrada nesta quarta-feira (17), pode ser comemorada com a criação de um viveiro, no Jardim Botânico de BH, com as espécies que compõem os jardins elaborados pelo paisagista. Desde o início do mês, mais de 40 mil mudas já foram plantadas.

Os exemplares serão destinados à revitalização das áreas verdes da Igreja São Francisco de Assis, Casa do Baile, Iate Tênis Clube, Museu de Arte da Pampulha (MAP), Praça Alberto Dalva Simão e Residência Kubitschek.

Os jardins da Igrejinha são prioridade, de acordo com a diretora de Gestão e Educação Ambiental da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Laura Mourão. Um dos principais cartões-postais da metrópole, o templo passa por obras e deve ser reaberto ainda neste semestre.

Os trabalhos passam pela identificação da situação atual dos jardins e a comparação com os projetos originais, datados de 1940. Na época, segundo a gestora, as espécies comuns eram lírios amarelos e laranjas, canas-índicas e crinos. “Na Igrejinha, por exemplo, precisaremos comprar ao menos 10% das plantas para a recomposição. O restante virá do viveiro”. 

Além disso, Laura diz que alguns exemplares estão sendo retirados para que o solo seja tratado. Depois, as espécies serão replantadas. “A ideia é salvar algumas que deterioraram desde a última manutenção, em 2015”, explica.

Os trabalhos são feitos por jardineiros cedidos pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), sem custo adicional. Segundo ela, a revitalização completa somente do jardim do templo religioso gira em torno de R$ 100 mil. “Mas o que está sendo investido até agora, no entanto, é a mão de obra”.Maurício VieiraTécnicos fazem levantamento da situação atual

Referência

Diretora de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Françoise Jean de Oliveira diz que a ideia, inclusive, é que BH se torne uma referência em Burle Marx. 

“Ele está sendo homenageado em todo o mundo e é uma referência. Temos o privilégio de termos vários de seus jardins aqui”, reconhece a diretora.

Zelo

O maior cuidado com as áreas verdes projetadas por Burle Marx é defendida por quem passa pelo local. Para o atleta Adilson José Firmo, de 43 anos, que corre na orla da Lagoa da Pampulha nos fins de semana, o espaço no entorno da Igrejinha tem ares de abandono. “Está igual pasto, seco ainda por cima. Mesmo que estejam mexendo com construção, é preciso uma equipe para tomar conta da paisagem”, reclama.

Imbróglios

Das recomendações feitas pela Unesco para o Conjunto Moderno da Pampulha, duas ainda não foram cumpridas.

A demolição de um “puxadinho” de 4 mil metros quadrados do Iate Tênis Clube, que descaracteriza o projeto inicial de Oscar Niemeyer, se arrasta na Justiça. Diretora de Patrimônio Cultural, Françoise Jean de Oliveira afirma que a situação será resolvida até o fim do ano. “Já notificamos o Iate e não tem mais negociação”, afirmou.

Presidente do espaço de lazer, José Carlos Paranhos diz não ser contra o título. “Mas alguém precisa pagar”.

A qualidade da água da lagoa também precisa ser melhorada, chegando ao nível 3, que permite a prática de esporte náutico. Hoje, o índice está em 2. “Só perdemos em um (o fósforo) dos cinco quesitos para se chegar ao desejado, por conta do desassoreamento”, afirma Françoise Jean. A diretora de Patrimônio Cultural garante que não há risco da perda da chancela internacional.

“A condecoração foi um ganho. Porém, precisamos dessas duas melhorias”, complementa Flávio Carsalade, coordenador técnico do dossiê de candidatura do conjunto na Unesco e professor da UFMG. 

Em nota, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse que a Pampulha foi avaliada pelo Comitê do Patrimônio Mundial em 2018. No entanto, “não correu qualquer risco de ser inscrita na Lista de Patrimônio Mundial em Perigo”. Já a Unesco informou que, mesmo que a área estivesse nessa relação, levaria algum tempo para a perda do reconhecimento.

Colaborou Malú Damázio

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