Você sabia que a Quaresma não tem 40 dias? Entenda essa história

Cinthya Oliveira
12/03/2019 às 12:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:45
 (Arquidiocese de BH/Divulgação)

(Arquidiocese de BH/Divulgação)

Você sabia que a Quaresma tem mais de 40 dias? Período de preparação para a Páscoa, quando os católicos são convidados pela Igreja a jejuar, passar por uma penitência e vivenciar a misericórdia, a Quaresma tem 44 dias entre a Quarta-feira de Cinzas (este ano celebrada no dia 6 de março) e a Quinta-feira Santa (este ano no dia 18 de abril), quando se celebra a missa do Lava Pés, explica o bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Edson José Oriolo dos Santos, lembrando que a Quaresma é um tempo de preparação para a Páscoa, em que se vivenciam a oração, o jejum, a misericórdia, a penitência e a abstinência. 

Mas nem sempre foi assim. Até o século 20, a Quaresma era celebrada pela Igreja Católica entre a Quarta-feira de Cinzas e o Sábado Santo, somando 46 dias. Excetuando os domingos do período (dias em que não havia jejum e penitência), havia 40 dias exatos. 

Mas em 1969, o papa Paulo VI aprovou um decreto sobre a nova ordem do ano litúrgico, estabelecendo que a Quaresma deveria seguir até a Ceia do Senhor – ou seja, a Quinta-feira Santa. "O período passou a ter no número 40 um valor mais simbólico", explica dom Edson José Oriolo dos Santos.

“É um período de reflexão, oração e exercício da piedade. É o momento para se vivenciar uma mudança de vida a partir da palavra de Deus, verificar como é possível inserir na vida os ensinamentos”, afirma. 

Embora muitos fiéis escolham não comer carne durante a Quaresma, a Igreja oferece a liberdade ao cristão para que escolha o alimento que será retirado da alimentação durante o período. Hoje há muitos que preferem ficar sem bebidas alcoólicas, refrigerantes e alimentos favoritos durante a penitência. “Tem que ser uma escolha que faça sentido depois”, explica o bispo, acrescentando que a Igreja recomenda uma redução na alimentação no período. 

Para o bispo, a Páscoa é a principal celebração do calendário católico (e não o Natal, como muitos acreditam), pois celebra a ressurreição do filho de Deus. “Ali estão os fundamentos da fé cristã. Sabemos que Jesus ressuscitou porque os apóstolos testemunharam”, explica.

Simbolismo

O professor Carlos Frederico Barbosa de Souza, da pós-graduação de Ciências da Religião na PUC-Minas, explica que, para a Igreja, o número 40 tem forte simbolismo. Na Bíblia, há muitos fatos importantes com essa referência: 40 dias de dilúvio, 40 anos de travessia pelo deserto por Moisés, 40 dias de caminhada do profeta Elias. Jesus ficou no deserto por 40 dias. 

“No Cristianismo existe o tempo cronológico e o tempo de Kairós, que é um tempo de Deus, quando se procura viver esse período, independentemente da condição precisa de ser 40 ou 42 dias. É a vivência de renovação interior para abrir-se para a Páscoa”, explica.

Como se define o calendário?

No calendário do Ocidente, a data da Páscoa (celebrada por cristãos e judeus) é fundamental para a definição do calendário de feriados do primeiro semestre de um ano. Primeiramente, observa-se quando acontece a primeira Lua Cheia do Solstício de Inverno do Hemisfério Norte, para se definir a data do Domingo de Páscoa. A partir disso, conta-se sete dias para a definição do Domingo de Ramos e, 40 dias antes dele, acontece a Quarta-feira de Cinzas. A data da Páscoa determina também o Carnaval (um dia antes de Cinzas) e o Corpus Christi (60 dias após a Páscoa).

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