Vovós: a história preservada a beira do fogão em Minas Gerais

Michelle Maia - Do Hoje em Dia
17/07/2012 às 07:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:36
 (Delícias feitas pelas vovós espalhadas por Minas conquistam todos os paladares)

(Delícias feitas pelas vovós espalhadas por Minas conquistam todos os paladares)

Elas são verdadeiras guardiãs da cultura mineira de beira de fogão, colhem a matéria-prima em seus próprios quintais e preparam os alimentos no fogão a lenha. Guisadinho de cansanção com joelho de porco, frango caipira com ora-pro-nóbis, biscoito quentinho saindo do forno de barro, doce de jiló. Receitas que remetem às delícias feitas pelas vovós espalhadas por Minas, quiçá pelo Brasil afora.

Maria Henriques Maia, conhecida como Maria do Beijo, é uma dessas guerreiras que têm mãos de fada. Aos 81 anos, ela faz de tudo e adora cozinhar com ingredientes fresquinhos colhidos no próprio quintal. “Planto, colho e preparo na hora. Aprendi com minha mãe e minha avó. Já passei para minhas filhas e hoje ensino para os meus netos e outras jovens que querem aprender. Quero que elas façam coisas gostosas para as pessoas também”, afirma Maria do Beijo, que mora em Igarapé, na região metropolitana.

Doces, bolos e biscoitos de forno estão entre as receitas que Maria do Beijo mais gosta de fazer. “Torro a farinha de mandioca e de milho no fogão a lenha. O cheirinho do biscoito saindo do forno e o bolo assando deixa todo mundo com água na boca”, ressalta.

Idealizador do projeto Igarapé Bem Temperado, Carlos Oliveira explica que a cozinha tradicional tem o poder de preservar tradições e, por isso, a importância de ser disseminada. “A força dessa cultura, de colher no próprio quintal o que vai se cozinhar, sobrevive mesmo com a grande oferta dos supermercados”.

A pensionista Altivina Machado, de 69 anos, sente-se revigorada com cada elogio. “Aprendi a fazer coisas gostosas com minha avó, minha mãe e uma tia que era muito habilidosa na cozinha. Eu me sinto feliz com as pessoas elogiando. É sinal de que estou viva”, afirma.

Altivina se considera uma verdadeira guardiã da cultura mineira. “Mantenho a tradição de família. Cada vez que faço uma receita, recordo tudo que se passou lá atrás, quando eu aprendia com minha avó, que era boa demais para cozinhar. Quando estou no fogão, tento fazer tudo igual a ela”, ressalta a pensionista, especialista em pé de moleque e guisados variados.

Também moradora de Igarapé, Maria do Freguesia, de 82 anos, diz que ensinar os segredos da cozinha é preservar as raízes de um povo. “Sempre sonhei em passar às próximas gerações os nossos costumes”.

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