Inspetores da ONU recolheram provas "valiosas" de ataque químico na Síria

André Viollaz, Anella Reta - AFP
26/08/2013 às 18:44.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:20

NOVA YORK - Os inspetores das Nações Unidas conseguiram, nesta segunda-feira (26), "valiosas" provas na área onde um ataque com armas químicas teria sido cometido na semana passada, informou um membro da organização.

De acordo com o porta-voz da ONU, Farhan Haq, o comboio dos inspetores foi atacado por franco-atiradores.

"Foi um dia muito produtivo e, logo que forem feitas as avaliações, (a equipe) pretende continuar o trabalho amanhã", anunciou Haq.

A delegação, composta por mais de dez inspetores e liderada pelo sueco Aake Sellström, "já está reunindo valiosas provas", garantiu o porta-voz.

De acordo com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, os inspetores das Nações Unidas recolheram em hospitais testemunhos de vítimas do ataque químico que teria ocorrido na periferia de Damasco.

"Apesar das circunstâncias muito perigosas para os especialistas, eles conseguiram visitar dois hospitais, conversaram com sobreviventes e médicos e também recolheram provas", completou.

Fontes da ONU disseram que os hospitais ficam em Moadamiyat al-Sham, sudoeste de Damasco.

Ban Ki-moon afirmou que ainda será preciso "esperar um pouco para ter a primeira reação do doutor (Aake) Sellström" sobre as provas coletadas.

A ONU emitiu um "firme protesto" para as autoridades sírias e a oposição pelos disparos contra o comboio de inspetores da organização, acrescentou Ban, em uma mensagem divulgada pela televisão da ONU, direto de Seul, onde ele se encontra.

O comboio foi atacado por franco-atiradores não identificados quando tentava chegar a Ghouta, a leste da capital. O ataque forçou o grupo a suspender, temporariamente, as atividades programadas.

Haq explicou que "o veículo que ia na frente (do comboio) foi alvo de disparos que alcançaram os pneus e uma janela da frente".

O regime de Bashar al-Assad e a oposição se acusam mutuamente pela responsabilidade dos disparos.

A oposição garante que as tropas sírias cometeram um ataque com armas químicas que teria matado até 1.300 civis, em 21 de agosto. A denúncia levou os países ocidentais, sob a liderança dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, a estudar medidas de represália.

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou que cerca de "3.600 pacientes com sintomas neurotóxicos" chegaram, no dia 21 de agosto, a três hospitais da província de Damasco. Desse total, pelo menos 355 morreram. A ONG ressalta, porém, que não foi possível "confirmar cientificamente a causa desses sintomas, nem estabelecer a responsabilidade desse ataque".

Com base em boletins médicos, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) contabiliza pelo menos 300 mortos por gás tóxico. Entre eles, há dezenas de rebeldes.

A missão das Nações Unidas chegou a Damasco no dia 18 de agosto para investigar denúncias de outros ataques que teriam sido cometidos ao longo desse conflito. Mais de 100 mil pessoas já morreram desde o início da revolta, em março de 2011.

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