A indústria mineira deve crescer aproximadamente 6 % em 2021, após um ano de encolhimento devido à pandemia do novo coronavírus. A projeção foi apresentada ontem durante evento na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O otimismo para o próximo ano no setor está amparado na demanda reprimida em vários segmentos da economia, à possibilidade de crédito a juros baixos e ao aumento de investimentos nas indústrias.
De acordo com o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, o aporte na indústria mineira deve ser o mais robusto dos últimos anos. “Tenho conversado bastante com os empresários e eles são unânimes em dizer que 2021 será um ano de investimentos. Tem demanda reprimida, juros baixos para a captação dos recursos e toda uma possibilidade de retomada plena com as chegadas das vacinas”, enfatiza Roscoe.
Um dos motores da recuperação industrial em Minas Gerais para o próximo ano deve ser o desempenho do setor extrativo. Segundo dados divulgados pela Fiemg, o crescimento no setor deve chegar a 10,7%. Segundo a entidade, a produção de minério de ferro deve retornar ao nível de produção anterior ao desastre de Brumadinho, o que deve garantir ao setor mais competitividade no mercado externo e possibilidade de atendimento das demandas de exportação.
Para Daniela de Brito, economista-chefe da Fiemg, nem mesmo o aumento da produção interna chinesa deve afetar o setor. “O preço da commodity vai cair, porque a relação entre a demanda e oferta vai se equilibrar. Mesmo assim, a projeção para o setor é muito boa, porque as mineradoras do Estado ainda não estão trabalhando na condição máxima”, destaca a economista.
Outro setor que deve ter um impulso no ano que vem é o da construção civil. Pela projeção da Fiemg, o crescimento pode chegar a 8,6% e será puxado pelo setor imobiliário e pela permanência das possibilidades de crédito para o financiamento habitacional. A indústria de transformação também aumentará a participação no mercado, com expectativa de acréscimo de 3,9%. Neste setor, a produção de automóveis deve puxar a retomada, já que existe a expectativa de crescimento de até 20% do setor em 2021.
A Fiemg também divulgou os dados referentes à projeção do desempenho da indústria neste ano. Segundo a entidade, a produção industrial geral teve retração de 3,8%. A maior queda será registrada no setor de serviços de utilidade pública, que vai encolher 5,8%. A construção é o segundo setor com maior retração: - 5%.
Em contrapartida, a agropecuária mineira é o único setor econômico que vai registrar saldo positivo neste ano. Segundo a Fiemg, o crescimento será de 9,8%. Mesmo diante dos números negativos, o presidente da Fiemg destaca que o ano não foi perdido e que alguns dados – como a retomada dos empregos e da produção no 3º trimestre – mostram que as medidas adotadas pelo governo federal – como o auxílio emergencial, o programa de manutenção de empregos e as linhas de créditos aos empresários – vão garantir que o ano termine em uma condição de mais otimismo do que era esperado no início da pandemia do novo coronavírus.
“No início da pandemia o cenário era de destruição total, mas agora vimos que as medidas econômicas deram resultado e que o empresariado sai deste ano com otimismo. Foi um ano difícil, mas o 3º trimestre mostra que estamos no caminho da retomada, que ainda será maior quando toda a demanda reprimida for atendida”, afirma Flávio Roscoe.