Justin Timberlake promove show sem clichês e merecia um festival só para ele

Adriana Küchler - Folhapress
16/09/2013 às 09:36.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:26

RIO DE JANEIRO - Justin Timberlake canta, dança e representa. "Um artista completo", diria o clichê.

Mas Justin não é um artista de clichês, muito menos os de festival: Justin não canta enrolado na bandeira do Brasil; não desce do palco pra dar a mãozinha pro público (mais cedo, as fãs já haviam me avisado que ele não gosta muito de ser "pegado"); não troca de figurino; não faz discurso nem declara seu amor pelo Brasil ou pelos fãs insistentemente (vá lá, uma vez é aceitável); não carrega seu repertório só de hits "obrigatórios" (mesmo tendo hits o bastante para isso).

E ainda assim já é forte candidato a melhor show do Rock in Rio 2013. Mesmo que merecesse um festival só para ele.

O americano de 32 anos, que tem no currículo de empregadores o Clube do Mickey e a mega boy band 'N Sync (com quem tocou no Rock in Rio 2001), abriu o seu primeiro show solo no Brasil com o seu primeiro hit solo, "Like I Love You".

Acompanhado de uma incrível banda, com naipe de metais e quatro potentes cantores/backing vocals, Justin surgiu elegante com seu chapéu panamá preto com uma pena vermelha.

Já na música seguinte, "My Love", largou o violão e começou a dançar, acompanhado de sua ótima trupe de bailarinos - sem dever nada para a época do 'N Sync, seus passos misturam influências de Michael Jackson e do hip hop.

Depois de alguns hits, Justin emenda algumas músicas do disco mais recente, "The 20/20 Experience" (lançado no começo do ano e cuja segunda parte chega logo ao mercado), e o público começa a desanimar.
O cantor não se importa. Quer mostrar suas novas e divertidas criações "neo soul". Não precisa despejar hits só porque é o que se espera de um artista como ele em um festival. Ele faz o que quer.

E o público também. Muitas pessoas sentam. Outras não resistem ao cansaço e começam a ir embora (o atraso de meia hora no show de Alicia Keys acabou atrasando também o de Justin). Talvez só queiram hits, talvez tenham ficado decepcionadas com as músicas desconhecidas, talvez esperassem uma canção do 'N Sync. Justin prefere cantar INXS a 'N Sync e dispara "I Need You Tonight". Mas a maioria do público boceja.

O pique só volta quando ele canta "Take Back the Night", do novo disco, e vai num crescendo com "Rock Your Body/Give it To Me", até chegar ao auge e recuperar de vez o público com a cover de "Shake your Body", de Michael Jackson. "Joguem as mãos para o ar para Michael Jackson", grita. "Nós te amamos, Michael."

"Não é hora de dormir ainda, né?", pergunta Justin, como que avisando que aqueles que resistirem ao sono e à falta de clichês e não abandonarem o barco serão recompensados. A recompensa é um raro e quase estranho "Eu amo vocês", seguido de uma bela versão acústica de "What Goes Around", já com a multidão cantando junto de novo.

Justin então deixa o palco e volta vestido com um terno para cantar "Suit and Tie" e "Mirrors" e provar que suas novas músicas também são hits de peso. Só quem aguentou até as 2h17 teve o prazer de participar da festa que foi o final do show, com a batida nervosa de "Sexyback".
Sim, todo mundo pulou, sim, teve mãozinhas pra cima, sim, teve gritos de "uhu" e "lindooô". Mas não, nada disso soou clichê. No fim, Justin mostrou a língua. E fez seu festival do jeito que queria.

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