Má gestão dos recursos é causa para crise na saúde

Hoje em Dia
08/11/2013 às 06:08.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:00

Desembarcaram na manhã de quinta-feira (7) em Belo Horizonte 192 médicos cubanos que vão trabalhar na rede pública de saúde em Minas, depois de fazerem um curso de três semanas na capital. O governo está conseguindo superar a resistência ao trabalho dos médicos estrangeiros para suprir a falta de profissionais brasileiros nas periferias das grandes cidades e nos municípios mais pobres do país.

A maior resistência estava relacionada com os médicos vindos de Cuba. Segundo o Ministério da Saúde, outros 2.808 médicos cubanos devem desembarcar no Brasil até a próxima semana. Em dezembro, eles vão trabalhar nas cidades selecionadas pelo programa Mais Médicos.

Vencida essa etapa, o governo precisa cuidar de outros problemas, como a má gestão dos recursos para a saúde. Ao que parece, um problema que explica em parte o fechamento de 130 hospitais mineiros em cinco anos. Esse número foi divulgado na quinta-feira (8) por este jornal ao tratar da crise do Hospital Nossa Senhora da Saúde, em Diamantina, que há três meses não paga os salários dos médicos.

Conforme a provedora do hospital, Gislene Motta, que se encontra há um ano no cargo, antigos gestores só compareciam para assinar cheques, não se informando sobre o que ocorria ali. O diretor de Interiorização da Associação dos Hospitais de Minas Gerais e do Hospital Ibiapaba, de Barbacena, Luiz Eduardo de Oliveira, culpa o governo pela crise dos que atendem pelo Sistema Único de Saúde. Diz que alguns procedimentos da tabela ficam dez anos sem reajuste e que a remuneração média do SUS equivale a 25% do que é pago pelos planos de saúde.

Porém, o subsecretário de Ações em Saúde do governo mineiro, Maurício Botelho, identificou na má gestão dos recursos a causa da crise. Disse que só neste ano foram repassados ao hospital de Diamantina R$ 10 milhões, porque ele atende a pacientes de vários municípios de uma região carente, o Vale do Jequitinhonha. “É só comparar com o Hospital da Santa Casa, na mesma cidade, com praticamente o mesmo nível de investimento, mas que consegue se manter”, disse ele, ao Hoje em Dia.

Se o problema é de gestão, não é por falta de cursos. Uma busca na internet mostra que eles existem, bem como vagas em hospitais para quem os faz. Há cursos de boa qualidade, como o de Especialização em Gestão da Atenção à Saúde, oferecido pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês em parceria com a Fundação Dom Cabral.

Tem duração de um ano e carga horária de 480 horas. Mas se acham também cursos picaretas de um mês, para quem deseja, tão só, um certificado.

É necessário ficar atento a essa questão. Os gastos de recursos públicos com a saúde são enormes, e devem aumentar muito mais quando o petróleo do pré-sal for extraído das profundezas oceânicas para reforçar o orçamento, também obscuro, desse setor.

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