Mais um apagão de eletricidade preocupa o Brasil

Hoje em Dia
06/02/2014 às 06:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:50

A presidente Dilma Rousseff tem motivos de sobra para se preocupar com uma crise no setor elétrico. O apagão da terça-feira em cidades de 11 Estados deixou 6 milhões de consumidores sem energia algum tempo. Em Minas, segundo a Cemig, o corte durou 56 minutos, atingindo 230 mil moradores de 63 municípios de cinco regiões.

Não há cálculos sobre o prejuízo dos consumidores com os apagões e apaguinhos, que não são poucos. Levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura divulgado ontem revela que desde janeiro de 2011 foram registrados no país 181 falhas de fornecimento de energia, com duração e extensão variáveis.

O de terça-feira foi causado, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), por um curto-circuito na linha de transmissão localizada em Tocantins. O Ministério de Minas e Energia nega que o problema tenha relação com o aumento do consumo de energia nas últimas semanas, provocado pelo calor, que ontem ultrapassou os 40 graus no Rio, uma das cidades afetadas.

Do mesmo modo, não é possível atribuir as falhas à escassez de chuva nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde se localizam os reservatórios das hidrelétricas que geram 70% da energia brasileira, embora não se possa menosprezar esse fator. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, informou ontem que o volume de água que entrou naqueles reservatórios no mês passado foi o pior desde 1954.

O governo não é culpado pela falta de chuva onde mais precisaria chover, o que não o exime de responsabilidade pelas falhas do sistema. Dedos foram apontados ontem para Dilma Rousseff, que foi ministra de Minas e Energia nos primeiros anos do governo Lula, até ser nomeada ministra da Casa Civil em 2005, no lugar de José Dirceu.

Em artigo publicado ontem pela “Folha de S. Paulo”, o diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Ildo Sauer, que foi diretor da Petrobras nos quatro primeiros anos do governo Lula, não deixa dúvidas sobre a responsabilidade da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, pelo abandono da proposta eleitoral vencedora em 2002 que propunha profundas mudanças na estrutura de organização e gestão do setor elétrico, como resposta ao racionamento. Ao invés, ocorreu uma “tímida reforma baixada em 2004”, na qual, segundo Sauer, “as barganhas do modelo se tornaram acertos com a base de apoio político e econômico do novo governo”.

Talvez tenham sido esses acertos que levaram um político maranhense sem conhecimento técnico do setor, mas ligado ao grupo do senador José Sarney, a ser, desde janeiro de 2008, o ministro de Minas e Energia. Informa-se que a presidente vai criar uma força-tarefa para melhorar o setor elétrico. Que a tarefa não seja apenas mostrar aos eleitores que o governo vem cuidando dos apagões.
 

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