É proibido envelhecer

Lady Campos - Hoje em Dia
14/11/2014 às 09:11.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:00
 (Montagem Hoje em Dia)

(Montagem Hoje em Dia)

A acalorada polêmica em sites, Twitter e outras redes sociais em torno da nova aparência da premiada atriz Renée Zellweger, de 45 anos, é um prato cheio para discutir o preço que se paga pela incansável busca do rejuvenescimento. Com aparência irreconhecível, a protagonista de “O Diário de Bridget Jones” (2001) deu o ar da graça, em Nova York, no fim de outubro, em evento que celebrava sucesso das mulheres no cinema.


Sumida da telona e há quatro anos sem estrelar um filme, Renée Zellweger posou com expressão bem diferente, combustível para especular sobre cirurgias, técnicas de preenchimento, botox e outras intervenções para retardar o envelhecimento.


A indústria da beleza, que tem excelente performance nos Estados Unidos – somente em 2013 foram realizadas no país 7 milhões de cirurgias estéticas, 49% em mulheres entre 40 e 54 anos, sendo que as injeções de botox e a reconstrução das pálpebras foram as mais procuradas – também alimenta Hollywood, onde é proibido envelhecer.


“Estou feliz que as pessoas me achem diferente! Estou vivendo uma vida mais plena, diferente, feliz, e me entusiasma que possam notar”, disse Renée, em entrevista à revista People, apesar de não ter confirmado se realmente sucumbiu ao bisturi.
Não é de hoje que a beleza é objeto de desejo, instrumento de poder e moeda de troca em diferentes sociedades. No último século, o corpo ganhou tamanha importância que instigou a historiadora Denise Bernuzzi de Sant’anna a escrever “História da Beleza no Brasil” (editora Contexto). A obra combina um rigoroso trabalho de pesquisa com uma linguagem acessível e, ao mesmo tempo, estimulante. Em 208 páginas, a autora aborda as transformações ligadas aos padrões estéticos e aos cuidados com o corpo. Desde o garbo e a elegância nos primeiros anos da República, até a atual banalização das cirurgias plásticas. O livro também mostra como a mídia ajudou a construir padrões e a criar uma aura positiva para aqueles que aprenderam a gostar do próprio corpo.


A autora faz um balanço sobre o assunto. “Houve um ganho inusitado de liberdade para adular e modificar o corpo, cultuá-lo e explorá-lo, esperar dele níveis insuperáveis de prazer. Mas como ele é mutável e mortal, está no tempo e condensa dentro de si a memória das experiências vividas, nada em forma é permanente e totalmente submisso ao controle. É justamente por isso, enfim, que a imagem construída por cada um do próprio corpo teve, poucas vezes, como agora, a oportunidade de ser tão densa e profunda; mas, também, tão incerta e efêmera”.


(*) Críticas, sugestões e elogios são sempre bem-vindos neste espaço.

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