Alexandre Herchcovitch completa 20 anos de carreira propondo o resgate do próprio repertório

Lady Campos* - Hoje em Dia
25/10/2015 às 09:21.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:12
 (Agência Fotosite)

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SÃO PAULO - Na capital cinzenta e fria (termômetros marcavam 18 graus) do último domingo, o estilista Alexandre Herchcovitch inaugurou o inverno 2016 do São Paulo Fashion Week em plena sintonia com o tempo, ou melhor, os novos tempos. No saguão do prédio da prefeitura paulistana, “uma história de boudoir sobre amor e perda, perversão, sexo e poder”. Assim o estilista resumiu a nova coleção. Com ênfase no universo punk, marcante no início da carreira, misturou elementos românticos, que também integraram seu repertório. Em tempo: boudoir é um quarto ou sala privada onde as mulheres se arrumam após um banho.

Herchcovitch comprova porque é um dos estilistas brasileiros mais respeitados e cultuados de sua geração. Consegue como poucos propor novas linguagens a partir de códigos imutáveis de seu DNA.

O xadrez, elemento de seu repertório, foi mostrado em forma de top de lã misturado com calça em lã e jacquard formando motivos iguais. O vestido de xadrez vichy foi coordenado com abotinado Arezzo de estampa pied poule. Em uma das páginas do livro “Alexandre Herchcovitch 1:1” (editora Cosac Naify), a modelo Alicia Kuczman veste camiseta de jérsei stretch xadrez (e saia de tecido para cinta modeladora e bolsa morcego) da coleção do inverno 1994. A imagem é mais atual do que nunca.

As inovações, presentes em estampas e tecidos, se estendem para as modelagens. Ele utilizou sobreposição na mesma peça, como o crepe georgete de seda peso triplo coberto por cetim duchese de seda. As inusitadas modelagens, que misturam elementos da lingerie com referências esportivas, saltam aos olhos: recortes frontais sugerem decote nadador e a aplicação de carreira de miçangas de porcelana parece fechamento da roupa.

As fitas de gorgurão desempenham papel fundamental e fazem as vezes de cinto, lapela, laço, além de criarem detalhes preciosos na roupa.

“Alexandre aciona um repertório de fetiche, que é extremamente importante nesta trajetória de 20 anos; resgata elementos muito importantes de sua primeira coleção lá na Santa Marcelina (faculdade) em 1994 quando usou tule, piercing, argolas de metal, as camisas de força que aparecem nas camisolas vitorianas. Tem este papel na moda brasileira de trazer o desconforto ante o óbvio e trabalhar a questão do gênero e da sensualidade de forma inédita”, observou o consultor e estudioso de moda Jackson Araújo.

* Enviada especial



 

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