Lembranças do gênio do brilho e do glamour, Marcus Vinícius Resende Gonçalves, o Markito

Camila Tardeli - Hoje em Dia
12/04/2015 às 12:33.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:36
 (Cristiano Sérgio)

(Cristiano Sérgio)

Por tantas vezes, dedicamos este espaço a grandes marcas e estilistas internacionais, mas hoje o assunto não poderia ser outro a não ser a moda mineira e o que a envolve. Durante a última semana, Belo Horizonte passou a ser o centro das atenções do mundo fashion com a apresentação do 16º Minas Trend. E foi assim, entre os muitas linhas, canutilhos, pérolas e bordados (deslumbrantes, como manda a tradição), que resolvi trazer de volta o nosso gênio do brilho e do glamour, Marcus Vinícius Resende Gonçalves, o Markito.

Pensamos em bordados e, automaticamente, viajamos até Uberaba. Sim. Foi lá que ele nasceu, em 1952. Filho de engenheiro civil (e também fazendeiro), Markito era tido como o sucessor dos negócios do pai, o que nunca foi muito a praia dele. Por falar em praia, foi em Itaparica (BA), durante umas férias universitárias (ele chegou a cursar Engenharia Civil) que Markito conheceu uma comunidade hippie e algumas técnicas de tingimento de tecidos, como batik e tie dye. A partir daí, passou a se sustentar com a venda de camisetas de malha personalizadas.

A essa altura, Markito já morava em São Paulo e era figurinha conhecida na noite paulistana. Talentoso e carismático, não teve dificuldades em divulgar o próprio nome na alta sociedade. Em 1974, abriu seu primeiro ateliê na Alameda Franca, onde dedicava a produção a modelos exclusivos, feitos sob medida. Seus vestidos eram perfeitos para refletir os feixes de luz da era Disco. Talvez, a grande sacada tenha sido se diferenciar de outros importantes nomes, como Clodovil e Dener, ao lançar, no fim da década de 1970, uma etiqueta com produção em série que visava o mercado internacional, a Markito Brazil. Estrelas como Diana Ross e Bianca Jagger se renderam ao jérsei especialmente bordado por ele.

No Brasil, o sucesso era absoluto e, no início dos anos 80, ele chegou a produzir cerca de 300 vestidos de noite por mês. Eram modelos, atrizes, cantoras, socialites ou, simplesmente, mulheres que o veneravam. Em outro exemplo de grandeza, criou 150 vestidos para a cena final do filme Rio Babilônia, de 1982. No ano seguinte, Markito faleceu, aos 31 anos, vítima da Aids. Uma morte comentada, mas nem de longe capaz de apagar a luz do legado do artista.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por