Ronaldo Fraga e sua coleção "Cidade Sonâmbula"

Lady Campos - Hoje em Dia
07/11/2014 às 12:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:56
 (Fotosite)

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Ao som ao vivo do piano e voz de Cida Moreira, as luzes se acenderam e modelos de corpo e cara pintados e com olhos desenhados na testa desfilaram roupas cinza grafite, em tons de asfalto, gelo e pingos de sangue do vermelho da cidade. Foi neste ritmo que “Cidade Sonâmbula”, nome da coleção inverno 2015 de Ronaldo Fraga pediu passagem na passarela do São Paulo Fashion Week.

A nova coleção é, no mínimo, instigante e provocativa. Fraga levou o espectador a pensar nas cidades brasileiras e nas torres de concreto áspero. A verticalização e a desumanização das metrópoles são pontos centrais na coleção, apresentada sob a ótica de botar o dedo na ferida. Daí surgem brincos em forma de edifícios, roupas com estampa de boca aberta (alusão ao susto?), pintadas com rostos de anônimos e com texturas impermeáveis e adornadas com árvores de plástico de maquetes de arquitetura.

Nas cidades sonâmbulas de Ronaldo Fraga, a roupa é feminina, mais próxima ao corpo (bem diferente do volume oversize de coleções passadas). Escuras como grafite no início do desfile, as peças vão ganhando ares menos soturno ao longo da apresentação, com brilho, transparência de tule e renda e com tricôs que dão sensação de acolher o corpo.

Para Fraga, toda cidade é um ser vivo. “Um ser que influencia a forma como consumimos, comemos, vestimos e nos relacionamos. Um ser que guarda nas suas pedras e ruas a escrita da memória dos nossos fantasmas. Dentro de nós, reproduzimos a cidade que nos habita, impávida e implacável”.

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