Produção da Fiat em Betim deve crescer 11% neste ano

Tatiana Moraes
07/03/2019 às 23:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:52
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Comandadas pelo italiano de 45 anos Antonio Filosa, as operações da FCA na América Latina contribuíram para que o grupo alcançasse, em 2018, desempenho recorde no balanço global. No ano, a FCA vendeu 4,84 milhões de veículos, 102 mil a mais do que em 2017. As vendas na América Latina também foram vultosas, crescendo 10% e alcançando 566 mil unidades em 2018. O Brasil foi o principal mercado da região, com 434 mil veículos comercializados e uma expansão de 14%. E o cenário deve permanecer em alta em 2019.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o CEO para a América Latina afirmou que a expectativa é a de que a fábrica de Betim registre aumento de 11% na produção. O índice é maior do que estimado para o país, de 8%. Em crise, a Argentina, no entanto, deve puxar o resultado da região para baixo. Ainda conforme Filosa, cerca de R$ 14 bilhões serão investidos no país para modernizar as plantas, permitindo o lançamento de 23 carros. Metade do aporte vai para a fábrica em Minas. 

Qual a previsão de crescimento para a planta de Betim em 2019?
Queremos aumentar mais ou menos 11% a produção. Os outros mercados puxam para baixo o índice para a América Latina, mas a fábrica de Betim terá elevação de 11%.

A Fiat pretende fazer um investimento de R$ 14 bilhões até 2023. Qual a parcela desse montante vai para a fábrica de Betim?
Esse investimento não vem como um cheque em branco, com valores que poderemos usar livremente. O uso desse dinheiro depende de uma série de aprovações. Vamos discutindo os planos para cada região. A nossa região engloba a América Latina. O plano implica em investir R$ 14 bilhões, a maioria no Brasil. Tem uma parte para a Argentina, mas a maioria vai para Brasil mesmo. Como aqui temos dois polos automotivos, Betim e Pernambuco vão dividir esse valor. A casa é sempre a mesma, mas o coração é cada vez mais novo. Vamos modernizar as plantas.

A Fiat em Betim já modernizou algumas linhas de produção. O investimento está incluído nesse montante?
Sim, elas fazem parte desse investimento.

Os veículos que serão lançados também integram parte desse novo ciclo de aportes?
Sim. O primeiro carro produzido na fábrica de Betim a partir desse novo ciclo de investimentos estará disponível no primeiro trimestre de 2020. Em 2021, haverá um lançamento a cada quatro ou seis meses, a depender do mercado. Um monte de coisas vai acontecer. Melhorias, novas versões, séries especiais e modelos novos fazem parte do plano. Ainda neste ano haverá renovação especial dos veículos que são fabricados em Goiana. Entre maio e junho sairá o novo Jeep Compass, que é produzido lá. 

O ambiente pode ajudar muito nas decisões porque a economia brasileira é movida pelo consumo interno. Então, quanto melhor estiver a economia, maior será o consumo interno e mais provável será que as grandes empresas globais decidam investir no país. Para falar um pouco sobre a ideia que a nossa empresa tem do Brasil, recentemente o nosso CEO global Michael Manley comunicou resultados para os acionistas e para os analistas. Um analista perguntou qual era a previsão dele para a América Latina e ele respondeu que estava muito otimista com o novo governo no Brasil, porque ele começou a fazer coisas corretas. E se o meu chefe fala isso eu tenho bastante confiança nesse cenário otimista. Além disso, o nosso acionista está muito confiante no Brasil. O país está claramente caminhando para um desenvolvimento industrial cada vez mais competitivo. A previsão é a de que haja aumento de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. Baseado nisso, estamos otimistas em investir. Em paralelo, temos desafio grande como a Argentina, que não fechou 2018 fechou bem.

Em vídeo nas redes sociais, o governador do Estado Romeu Zema adiantou um possível investimento da Fiat no país. Que investimento seria esse?
O Brasil está disputando com a Ásia a instalação de uma fábrica de motores. A Ásia é mais competitiva que Betim. Por outro lado, Betim tem outros valores que pesam, como mão de obra qualificada, profissionais de produção, engenharia e qualidade flexíveis, 1,5 mil engenheiros. Todos eles superqualificados e competentes. Todos esses pontos serão colocados na mesa de decisão dos nossos acionistas e do nosso investidor global. Estamos fazendo nesse momento a análise de viabilidade. Podemos dizer que Betim tem 49% de chances e Ásia 51%.

Por que investir em motores?
O motor é perene, tem grande percurso. Você conhece o motor Fire há 20 anos. Ele foi usado em diversos modelos, é uma tecnologia que fica. Os modelos de carros mudam muito, em cinco anos, dez anos. Outra característica é que os motores são globais. Na Ásia, também usam motores brasileiros. No Brasil, também usamos motores europeus. E a FCA precisa de duas novas categorias de motores mundialmente. Dentro dessas categorias, precisa desenvolver cinco motores. Se fizermos aqui no Brasil, vamos exportar. Se for feito na Ásia, vamos importar. A FCA está aumentando as vendas de um ano para outro em 15%. O aumento tem sido grande no Nafta, por exemplo. Precisamos de motores para suprir esse aumento.

A empresa está em fase de investimento em novas linhas de produção e modelos de veículos. Quantos serão fabricados em Minas Gerais?
Entre séries especiais, modelos completamente novos e atualizações, vamos lançar 25 até 2023. Acredito que uns 20 sejam produzidos em Minas.

Serão contratados novos funcionários?
Depende sempre do mercado. Se o mercado dobrar, tenho que aumentar as pessoas. Mas, como o mercado retraiu, infelizmente tivemos que fazer otimizações. O mercado é uma fonte de análises e a outra é a competitividade. Para ser sustentável, a fábrica tem que ser competitiva. Não adianta não ser competitivo. Tudo isso entra na lógica, na conta para saber se precisa contratar. Fizemos um plano de investimento para até 2023 e esse plano engloba tecnologias novas, inovações, modelos. E, nesse sistema, esperamos contratar mais no longo prazo mais pessoas.

Existe a possibilidade de voltar o terceiro turno na planta de Betim? Ou de o quadro de funcionários voltar ao que era no passado?
Terceiro turno é muito difícil. Este ano não existe essa possibilidade. Somos uma empresa multimarca e multiplantas. Nós temos Fiat em Betim e Pernambuco. Aqui, trabalhamos em dois turnos e temos uma planta lá que trabalhamos em três. Por enquanto, ficaremos assim. Agora, se a demanda dobrar, tudo bem. Mas acho que não haverá um aumento tão significativo da demanda por enquanto. 

Quais as previsões para a Fiat em 2019?
A demanda por automóveis vai aumentar 8% no Brasil, mas vai cair muito na Argentina, puxando a média para baixo. Tudo que é produzido aqui e vai para a Argentina vai cair quase que pela metade. Os nossos estudos são regionais, por cidades e por países. Falando de país, vamos crescer no Brasil. Falando da região latino-americana, não vamos crescer, ficaremos estáveis. As fábricas produzem pra vários mercados. A Argentina caiu muito. O Chile, a Colômbia e o Peru ficaram estáveis. 

Com o rompimento da barragem da vale em Brumadinho, é possível que haja um aumento no preço do minério, impactando o aço. Podemos esperar elevação no preço do carro?
O impacto no preço do carro não é direto assim. O minério de hoje vira aço daqui a meses. Então, no curto prazo não haverá mudança no preço. Mas tem impacto na economia sim, tanto regionalmente quanto para as indústrias da Fiat. Estamos analisando os números. É importante ressaltar que o que houve em Brumadinho foi uma tragédia enorme. Famílias foram separadas e nosso primeiro pensamento é com relação a essas pessoas. A única coisa que pode ser feita é o apoio 

A Fiemg estima, ainda, forte redução no PIB. Qual o impacto real para a Fiat?
Ainda não tenho análises concretas do impacto econômico. Estamos acompanhando a Fiemg. Mas, se reduz o PIB de um Estado, o crescimento da indústria é afetado e a demanda por carros também. 

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