(CARLOS RHIENCK )
Os 77 deputados estaduais foram empossados neste domingo (1º) e por unanimidade elegeram a nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, presidida agora por Adalclever Lopes (PMDB). Porém, o clima de consenso ficou só na eleição.
O governador Fernando Pimentel (PT) não compareceu à cerimônia. Mesmo assim, inflamou a oposição ao enviar uma mensagem à Casa, lida pelo vice, Antônio Andrade (PMDB).
Pimentel, que alegou estar viajando, criticou no texto o “Choque de Gestão”, implementado em Minas há 12 anos pelos tucanos. Segundo ele, a estratégia deixou o Estado em “situação preocupante”.
No documento, Pimentel também reforçou a intenção de “revitalização e expansão dos conselhos estaduais” para concretizar a promessa de maior participação popular.
Para oposição, a mensagem soou como uma provocação. “É lamentável iniciar já nos chamando para a guerra. Nós estamos prontos”, disparou o deputado João Leite (PSDB).
Para o tucano, a crítica ao “Choque de Gestão” é “equivocada” e a implantação dos conselhos irá “retirar a força” da ALMG, legítima representante do povo.
O deputado disse ainda que sua bancada não vai “permitir” a concre-tização desse projeto, indo “permanentemente à Justiça”, se for preciso.
O peessedebista lembrou que proposta semelhante foi tentada pela presidente Dilma Rousseff (PT), no ano passado, por meio de decreto, e foi derrubada. “Foi rechaçada pelo Congresso a substituição do Parlamento por conselhos escolhidos por um só partido, isso é inaceitável”, reforçou.
“Para levantar Minas, para fazer Minas voltar a ser o que era, precisa ter a participação popular”, rebateu o deputado Durval Ângelo, líder do governo na ALMG. Segundo ele, a Constituição Federal “fala em participação do povo no planejamento do governo”.
Reforma
E é com o acirramento dos ânimos entre situação e oposição que o governo tentará aprovar a reforma administrativa e o orçamento de 2015.
O projeto de lei da reforma foi enviado pelo Executivo à Assembleia Legislativa em janeiro, mas deve receber substitutivo. “Veio só uma moldura, ela precisa ter uma estruturação”, disse o deputado Durval Ângelo. Segundo ele, o novo projeto deve ser enviado à Casa dentro de duas semanas.
“O governo mandou só a ponta do iceberg”, disse João Leite, reforçando que a oposição ficará “atenta”. “Não é possível termos a criação de mais secretarias e aumentar os salários do governador e secretários, se os servidores públicos não receberam aumento”, finalizou.
Casa inova com votação aberta para eleição da Mesa Diretora
A eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa começou com um certo tumulto sobre a forma como o pleito deveria ser feito. O deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT) sugeriu uma votação para a chapa como um todo. No entanto, a sugestão foi rechaçada pela maioria do plenário, pois iria contra o regimento da Casa.
O consenso entre os parlamentares foi mantido. Os sete nomes da Mesa foram aprovados, cargo a cargo, com 76 votos cada, pela primeira vez com votação aberta. Apenas quem presidia a sessão não votou.
Hely Tarquínio (PV) foi eleito 1º vice-presidente, Lafayette de Andrada (PSDB) é o 2º vice-presidente e Bráulio Braz (PTB) o 3º vice-presidente. Ulysses Gomes (PT) ocupa o cargo de 1º secretário, Alencar da Silveira Júnior o de 2º secretário e o Doutor Wilson Batista (PSD) é o 3º secretário. A primeira reunião ordinária da nova Mesa será na tarde de hoje.
O deputado João Leite (PSDB) ironizou ao eleger Ulysses: “Estou com dificuldade na votação, esta será a única vez que vocês vão me ver votar em um petista”. O PSDB contabiliza que 29 deputados estão na oposição. O partido se reúne hoje com o PPS.
Segundo João Leite, com esse grupo eles esperam conquistar dez presidências de comissões e seis vice-lideranças. “Nós teremos uma oposição robusta na Assembleia”, afirmou. Já Durval Ângelo (PT) contabiliza 55 deputados na base, considerando como aliados os integrantes do bloco independente.