Mercado aposta no fim da crise econômica e Bovespa volta a ser boa opção

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
17/09/2016 às 21:43.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:52

As empresas ainda estão no fundo do poço mas o mercado já precifica a aguardada recuperação da economia. Por isso, para os investidores sem aversão ao risco, ações podem ser uma boa aposta. Como quem decidir comprar agora ainda vai encontrar papéis a preços baixos, quando a tendência de melhora se consolidar os ganhos virão a reboque.

Para se ter uma ideia do quanto os ventos começam a soprar positivamente para as corporações brasileiras, o Ibovespa – índice que reúne o desempenho das ações mais negociadas na Bovespa – passou de 38,1 mil pontos em janeiro para 56,7 mil em 9 de setembro. Uma elevação de 48,6%.

Apesar da crises política e de confiança ainda não terem sido superadas, e dos números do PIB e do nível de emprego ainda não terem mostrado reação, o mercado já aposta na perspectiva de reversão de tendência.

“O que temos é uma sinalização de que as medidas prometidas agradam aos investidores. E isso é muito bom para quem tem ações”, afirma o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido. Porém, o retorno, pondera, tem que ser esperado para o médio ou longo prazos. Isso significa dizer que é preciso ter paciência e esperar no mínimo um ano para obter ganhos reais.

E, em se tratando de bolsa de valores, quanto maior o risco mais altos podem ser os ganhos, e vice versa. Ou seja, aqueles que apostarem as fichas em empresas com baixa performance, como Petrobras, poderão ter mais motivos para comemorar.

Em uma análise rápida dos papéis já dá para se ter uma noção desse movimento positivo. Em junho de 2014, as ações da estatal valiam R$ 19,02. Em dezembro de 2015, estavam R$ 7,09 e na primeira semana deste mês, já alcançou os R$ 14,89. Ou seja, segue em alta e ainda não atingiu sua melhor precificação.

“O valor de mercado das principais empresas brasileiras apresentou queda nos últimos anos e, agora, quando muitas bateram o fundo do poço, há uma tendência de reversão. Isso é fato. E é nesse movimento que investidor ganha dinheiro”, afirma o presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMM), Paulo Ângelo Carvalho de Souza.

Siderúrgicas

Além das estatais, as siderúrgicas e mineradoras, que foram as empresas que mais sofreram com o ambiente econômico internacional adverso e a queda nos preços das commodities, começam a ter o valor de mercado revisto para cima. As influentes CSN, Usiminas e Vale, por exemplo, tiveram um início de setembro positivo na comparação com os meses anteriores.

“Puxadas pelo mau momento de setores demandantes como construção civil e automotivo, as empresas passaram por um mal momento. Agora iniciam retomada gradual, com impacto nas ações”, afirma o analista da Tendências Consultoria, Felipe Beraldi.

Apesar dos indicadores apontarem as ações como um bom negócio, antes de realizar o investimento é preciso atenção. É aconselhável uma análise criteriosa do desempenho da empresa e do setor, além de indicadores da economia brasileira. Em caso de dúvidas, o ideal é procurar um consultor de mercado.

 Carteiras das corretoras prometem minimizar riscos

Para quem quer apostar em uma carteira mais segura, as corretoras indicam empresas com um histórico recente satisfatório. Entram nessa lista grupos de diferentes segmentos, desde instituições financeiras até administradora de postos de gasolina.

Cada assessoria de investimentos tem sua lista de empresas. Mas, analisando as indicações de setembro, um ponto em comum entre elas é a aposta nos bancos.

Bancos

Encabeçando o portfólio sugerido pela XP Investimentos, por exemplo, vem o banco Itaú. Dentre as justificativas apresentadas por eles está a possibilidade de melhora no mercado de crédito em 2017. Claro que a gestão e os resultados da instituição também contaram. A mesma empresa indica ainda BBSeguridade e Banco do Brasil. A Valor Gestora também aponta o Itaú e a BBSeguridade, por motivos parecidos.

Entram na lista da XP ainda Cosan e Ecorodovias. E na da Valor Gestora, a Cielo e a Ultrapar (gestora da rede de postos Ipiranga).

“Mesmo com a queda nas vendas dos combustíveis, a empresa tem conseguido um desempenho interessante por meio da importação”, afirma o analista da Valor, William Alves.

Ele explica que aqueles que buscam as chamadas empresas de valor (que apresentam bons resultados) podem ter retornos menores porém mais garantidos.


Alta dos juros dos EUA ameaça ao bom momento da bolsa
O bom momento do mercado acionário está ameaçado pela possibilidade de alta dos juros nos Estados Unidos. Caso aconteça, o resultado será a saída de capitais estrangeiros investidos no Brasil, com a consequente pressão de baixa sobre a bolsa.

A elevação dos juros ainda está em análise pelo Federal Reserve (FED), o Banco Central norte-americano, como medida de retorno à normalidade passado o pior momento da crise financeira internacional. O problema é que taxas mais altas tornariam o mercado dos Estados Unidos mais interessante. Dessa forma, os investimentos poderiam migrar para lá.

“O investidor precisa ficar de olho no que ocorre no mundo porque o mercado é conectado. Movimentos em outros países influenciam fortemente na bolsa de valores brasileira”, afirma o gestor de investimentos da Guide Investimentos, Paulo Henrique Amantéa.

Por enquanto, a situação do mercado internacional tem beneficiado o Brasil. “Alguns países emergentes começaram a sofrer a crise em momento diferente do nosso. Nós mudamos a equipe econômica e melhoramos as expectativas, mesmo sem resultado prático”, afirma o analista da Valor Gestora, William Alves.

Enquanto isso, apresentam desempenhos negativos África do Sul, Chile, México e República Eslovaca, por exemplo, que são potenciais concorrentes do Brasil.

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