
A maioria das abelhas encontradas na natureza não vive em colmeias. Confundidas com vespas ou moscas-varejeiras, são chamadas de solitárias e fundamentais para a polinização de inúmeras plantas nativas e cultivadas. Na prática, garantem o equilíbrio da biodiversidade do planeta.
Projeto desenvolvido pela Emater, em parceria com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), visa proteger esses insetos essenciais, ameaçados por queimadas e destamentos. Trabalho tem foco no Parque Estadual Serra Verde, em Belo Horizonte, ao lado da Cidade Administrativa.
Em toda a área do parque são distribuídos ninhos para facilitar a reprodução das abelhas. Geralmente, são pedaços de troncos de árvores ou de bambu, com diversos orifícios de diâmetros diferentes. Após ser fecundada, a abelha procura um desses orifícios para colocar os ovos.
“Ao encontrar o local, ela coloca um ovo com alimentos, como pólen, pequenos insetos e até aracnídeos. Tudo isso servirá para a larva se desenvolver. Em seguida, ela fecha este orifício e não terá mais contato com a cria, que irá nascer após algumas semanas”, explica a coordenadora de Pequenos Animais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Emater-MG), Márcia Portugal.
Há mais de 30 mil espécies de abelhas no mundo, a maioria solitária
As abelhas solitárias têm grande diversidade, com tamanhos variados, que podem ser de 5 milímetros até 5 centímetros, diz a coordenadora da Emater-MG.
“Sem a polinização, tanto a renovação das matas e florestas, como a produção de frutas e grãos ficariam comprometidas. Cerca de 85% das plantas com flores do planeta dependem dos polinizadores para serem fecundadas”, reforça a gestora.
Existem mais de 30 mil espécies de abelhas no mundo, sendo 80% abelhas solitárias. Somente no Brasil, são mais de 4 mil espécies delas, responsáveis, por exemplo, pela polinização de orquídeas, abóboras e frutas como acerola, abacate, melancia e goiaba, entre outros alimentos.
Projeto visa multiplicação da espécie
As abelhas solitárias possuem a glossa (um tipo de língua) mais comprida que as demais. Por isso, são as únicas a atingir o pólen e o néctar de determinadas plantas.
O projeto desenvolvido na capital mineira visa não somente preservação da população existente, mas multiplicação da espécie.
O programa começou em 2021. Atualmente, existem cerca de 50 ninhos em todo o Parque Estadual Serra Verde. Eles são catalogados e vistoriados regularmente para verificar se foram utilizados por alguma abelha para reprodução.
Márcia Portugal informa ainda que, além de preservação das espécies, o projeto também ajuda a monitorar o nível de preservação de uma região. “Elas são bioindicadoras. Em ambientes degradados, não encontramos essas abelhas. Ou seja, onde há abelhas solitárias, você sabe que aquele ambiente está regenerando ou está bem conservado”, explica.
Segundo o gerente do parque, André Santana, para saber o resultado do trabalho de reprodução no parque, ainda serão necessários estudos específicos.Local está aberto para pesquisadores interessados em avaliar a iniciativa.
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