Após incêndios, vegetação rebrota das cinzas em reservas ecológicas da Serra do Cipó

Renato Fonseca - Hoje em Dia
28/10/2014 às 07:45.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:48
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

A chuva dos últimos dias elevou a umidade relativa do ar e reduziu, consideravelmente, o risco de novos incêndios florestais. Vegetações atingidas por queimadas começam a rebrotar e, aos poucos, as cinzas cedem espaço aos primeiros tons de verde. Porém, a recuperação da biodiversidade, em sua plenitude, pode levar até uma década.

Segundo o biólogo e consultor ambiental Diego Lara, a flora que começa a surgir nas unidades de conservação destruídas pelo fogo não simboliza a reabilitação das áreas. “Esse tipo de capim precisa de condições razoáveis para nascer. Já o restante da flora nativa e a fauna demandarão anos para voltar à condição original”.

Um dos principais exemplos da lenta recuperação está no Parque Nacional da Serra do Cipó, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Pelo menos 25% da reserva foi totalmente destruída pelas chamas, de acordo com o chefe do espaço, Flávio Cerezo. “Em alguns pontos, é possível que demore até dez anos. O bioma Mata Atlântica foi um dos mais danificados”, diz.

Situação ainda mais delicada é verificada na Serra da Canastra, região Centro-Oeste. Nada menos que 90% dos 200 mil hectares foram consumidos por vários focos de incêndio. Lá, um trecho de um quilômetro do rio São Francisco secou, bem próximo à principal nascente, em São Roque de Minas. Mesmo com as chuvas, o curso d’água ainda não retornou ao normal.

Segundo o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes do Alto São Francisco, Lessandro Gabriel da Costa, a chuva dos últimas dias ainda foi muito tímida e pouco efeito trouxe sobre a área. “É preciso que chova mais, e logo. Do contrário, a situação continuará crítica na serra e em seu entorno”, afirma Costa.

Ele informa que cerca de 60 lagoas da região secaram e outros 20 rios estão com o nível crítico. Na avaliação de Costa, o abastecimento poderá ser comprometido.

Corpo de Bombeiros sente alívio no combate ao fogo

A redução dos focos de incêndio em Minas, favorecida pela chuva intermitente, pode ser mensurada pelos atendimentos realizados pelo Corpo de Bombeiros. No início deste mês, a média de ocorrências em vegetações era de 60 chamados por dia. No último fim de semana, o índice foi de 14, uma queda de 76%, conforme dados enviados pela própria corporação.

A previsão é a de que o clima possa ajudar ainda mais na diminuição dos registros. Segundo o meteorologista Eliberto dos Santos, do Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima, pancadas de chuva estão previstas para esta terça-feira (28) em Belo Horizonte e regiões Leste e Norte do Estado.

Até o momento, choveu 68 milímetros na capital. O índice equivale a 55% da média histórica de outubro, que é de 123 milímetros. A situação se repete na região Central de Minas, onde as pancadas dos últimos dias renderam 50 milímetros de precipitação – 40% do previsto para o mês.

Rola-moça

A previsão de chuva anima o diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Rodrigo Bueno Belo. Acompanhando de perto os trabalhos de combate a incêndios na Serra do Rola-Moça, uma das áreas mais atingidas da Grande BH, ele diz que pelo menos 305 hectares já foram consumidos pelas chamas. O número, no entanto, pode até dobrar.

Segundo ele, novos trabalhos para avaliar a áreas afetadas serão feitos nos próximos dias. O solo também será analisado pelos técnicos, para verificar detalhes como índice de acidez, que influencia na recuperação da flora. 

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