Após jovem denunciar ginecologista por importunação sexual, outras quatro mulheres procuram a PC

José Vítor Camilo
29/11/2019 às 18:12.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:52
 (REPRODUÇÃO / GOOGLE STREET VIEW)

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Dois dias depois de uma mulher de 22 anos fazer uma denúncia por importunação sexual contra um ginecologista do Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé, no bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte, outras quatro supostas vítimas do profissional procuraram a Polícia Civil (PC) para denunciar o mesmo crime. Por causa disso, a corporação instaurou um novo inquérito contra o médico de 74 anos, que está detido no sistema prisional do Estado. 

De acordo com a PC, o profissional já foi indiciado pelo primeiro crime, decorrente da denúncia feita na última quarta-feira (27). "O caso agora encontra-se sob tutela do poder judiciário", diz a nota divulgada pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. O crime de importunação sexual tem pena prevista de 1 a 5 anos de reclusão.REPRODUÇÃO / GOOGLE STREET VIEW
Médico de 74 anos foi denunciado por crimes cometidos na Maternidade Santa Fé, na rua Pouso Alegre, em BH

Conforme as informações da Polícia Militar (PM), uma viatura foi chamada na unidade hospitalar por volta das 17h de quarta. No local, a jovem de 22 anos contou que agendou uma consulta com um ginecologista e, desde antes da entrada no consultório, os assédios já começaram. O médico teria dito: "Ei loirinha, deu química" e "toda loirinha gosta de um negão", fazendo referência ao namorado dela, que estava no local. 

Após iniciar a consulta, o idoso teria feito um exame de toque na vítima, momento em que chegou a dizer "que periquitinha quente". Depois disso, ela teria se levantado, momento em que o ginecologista a segurou pelo braço e teria tentado beijá-la. O suspeito pediu então que a vítima ligasse para marcar uma nova consulta, completando que só ele cuidaria dela. 

Após indicar que a paciente recebesse soro na veia, uma enfermeira percebeu o nervosismo da moça e perguntou se estava tudo bem. Foi então que ela contou que o médico tentou beijá-la, sendo que a funcionária chegou a falar que a paciente anterior teria relatado que o médico abriu a blusa e chegou bastante próximo dela durante a consulta. 

Ouvido pela PM, o médico negou o crime, dizendo que a consulta transcorreu "de maneira tranquila". Ele relatou que a paciente se queixava de dores pélvicas devido à introdução de um dispositivo DIU e que o namorado foi autorizado a entrar, mas teria recusado. Por fim, ainda de acordo com a PM, o hospital conta com sistema de filmagem que pode ter registrado alguns dos fatos narrados pela vítima. 

Médico está suspenso

O Hoje em Dia procurou o Hospital da Mulher e Maternidade Santa Fé para tratar sobre o assunto e, por meio de uma nota, a unidade informou que, imediatamente após tomar conhecimento do ocorrido, o médico foi afastado de suas atividades. "Com o desdobramento legal do caso até o momento, o hospital suspendeu por tempo indeterminado todas as atividades do profissional (consulta, plantão e cirurgias)", diz o texto. 

Ainda conforme o hospital, se as denúncias ficarem comprovadas, a instituição cumprirá o que determina o regimento interno, que pode levar à expulsão definitiva do médico dos quadros do hospital. "Além disso, ato administrativo da comissão de ética enviará relato ao Conselho Regional de Medicina (CRM-MG) para as medidas cabíveis no âmbito profissional. Ressaltamos que o hospital não prejulgará o profissional, tendo seu afastamento até o momento caráter preventivo", completa. 

Por fim, o hospital disse que reitera o compromisso "escrito em nosso nome", de total respeito e cuidado à mulher. 

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