Após reajuste das multas de trânsito, penalidades caem 27% em Belo Horizonte

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
25/01/2017 às 07:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:32

O reajuste das multas de trânsito, em vigor desde novembro do ano passado em todo o território nacional, já começa a dar resultados na capital mineira. O número de infrações em Belo Horizonte caiu 27% após a revisão dos valores. Dados do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) indicam uma média mensal de 95 mil penalidades de janeiro a outubro de 2016 – ou seja, antes do aumento. Já nos dois últimos meses, a média foi de 69 mil flagrantes de desrespeito ao voltante.

Transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% lidera o ranking de condutas irregulares. A sanção para quem ignora o limite passou de R$ 85,13 para R$ 130,16. Só em outubro, foram aplicadas 40.181 autuações. Já em dezembro, mês de redução mais expressiva, foram 10.977 violações. Mesmo diante da queda, a quantidade de infrações impressiona: no mês passado a média foi de 354 multas a cada 24 horas.

Para o especialista em engenharia de transporte e trânsito Márcio Aguiar, coordenador das disciplinas de Transporte na Fumec, a diminuição de sanções aplicadas está diretamente relacionada ao aumento do valor das penalidades, já que a população começa a sentir no bolso o peso das infrações.

“O aumento faz com que todos pensem duas vezes antes de cometer a irregularidade. Nós estamos em um momento no país em que as pessoas estão buscando onde podem economizar. A multa aumentou, elas estão com dificuldades financeiras, então é mais um motivo para começarem a andar no trânsito com mais cuidado”, diz.

O consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto também atribui ao crescimento dos custos a redução de condutas irregulares. “Infelizmente, hoje as pessoas estão muito mais preocupadas com o próprio bolso do que transgredir as leis”, afirma. 

Osias acredita que uma medida ainda mais efetiva seria a taxação de todos os comportamentos que infringirem as leis de trânsito. “Se as pessoas souberem que serão multadas por qualquer coisa errada que fizerem, ficarão mais atentas e não cometerão infrações”, diz.<EM><QA0>

Mais atenção

De fato, a professora Luciana Amaral agora não esquece mais de preencher a folha do Faixa Azul ao parar o carro. Ela, que foi multada em novembro do ano passado por estacionar em desacordo com a regulamentação (rotativo), se assustou ao receber em casa a penalidade com valor mais alto. “É um gasto que não estava esperando. Ainda mais porque em outra ocasião eu já tinha pago uma multa de R$ 53,20 e agora já estava quase R$ 100. Precisei ficar mais atenta depois disso”, conta.

Especialistas defendem blitz, mas afirmam que recurso ainda é pouco utilizado na cidade

Ainda que considerem a queda das multas em Belo Horizonte positiva, especialistas cobram fiscalização constante das irregularidades no trânsito. 

“Quanto mais as multas caírem, melhor, desde que haja maior fiscalização na área”, explica o professor de engenharia de transporte Márcio Aguiar. Para ele, as blitze são as medidas mais efetivas para conter infrações, mas ainda pouco utilizadas. “Nelas, podemos identificar deficiências do veículo, ausência de documentação e de pagamento de impostos”. 

Por outro lado, o assessor de comunicação do Batalhão de Trânsito da PM, Marco Antônio Said, afirma que as operações são diárias. Inclusive, as fiscalizações foram intensificadas no fim do ano com a operação natalina, garante o militar. Na época, houve reforço no número de policiais. “Tivemos 51 novos agentes nas ruas em dezembro, provenientes do curso da Academia de Polícia”. 

Apesar de classificar a alteração nas multas como um “bom começo”, Marco Antônio Said acredita que ainda é cedo para concluir se a diminuição no número de sanções aplicadas na capital é decorrente do aumento do valor das penalidades. Para ele, a melhor forma de reduzir as infrações de trânsito é através de campanhas de conscientização e blitze educativas.

Fiscalização eletrônica

O consultor Osias Baptista diz que o controle por agentes de trânsito é deficitário. Ele observa que o sistema mais eficiente de identificação de infrações é o eletrônico, através de radares.

No ranking das irregularidades divulgada pelo Detran, as três primeiras estão relacionadas à fiscalização eletrônica: transitar em velocidade superior à máxima permitida, avançar o sinal vermelho e transitar na faixa exclusiva de ônibus.

“As pessoas acreditam que se não há radar, é tranquilo infringir. Quando esses equipamentos foram colocados na avenida Antônio Carlos, por exemplo, o número de multas caiu bastante”, diz Osias.

Ao contrário da estatística do Detran, que leva em conta as irregularidades captadas por radares, o levantamento de multas aplicadas por agentes da Guarda Municipal mostra que o número de infrações não sofreu variação em 2016. De janeiro a outubro a média de penalidades aplicadas foi de cerca de 10 mil multas, similar à de novembro e dezembro.
 

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