Mesmo com reclamações, o Sindicato das Empresas do Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) afirma que os ônibus de Belo Horizonte operam, em média, com dez passageiros a menos do que operava antes da pandemia, quando o quantitativo diário de viagens era maior. Nesta terça-feira (26), passageiros relataram lotação dos veículos mesmo com o novo aumento de 15% na frota dos ônibus, previsto no acordo do subsídio de mais de R$ 237 milhões.
De acordo com o Setra-BH, o número de viagens ofertadas atualmente na cidade é de 22.300 para transportar, no máximo, 890 mil passageiros. O número ultrapassa as 21.708 viagens acordadas com a prefeitura da capital, após o repasse da primeira parcela do subsídio.
Através do quantitativo, segundo o sindicato, os veículos circulam com, em média, 39 passageiros por viagem. Antes da pandemia a média era de 49. Ainda conforme os empresários, no período pré-pandemia eram 24.500 viagens para transportar cerca de 1,2 milhão de passageiros.
Reclamações
No entanto, passageiros dizem que problemas como lotação e longo intervalo entre as viagens persistem na capital. A reportagem do Hoje em Dia esteve na Estação Pampulha e conversou com usuários que enfrentam até 25 minutos de espera pelos coletivos em pleno horário de pico, por volta das 7h da manhã.
Kessia Cristina, de 52 anos, usuária da linha 719 (Estação Pampulha/Floramar), confirma maior quantidade de ônibus circulando nas ruas de BH, mas ressalta que as dificuldades enfrentadas pelos passageiros são as mesmas de sempre.
"Às vezes os ônibus demoram de 20 a 25 minutos, e eu tenho que esperar o terceiro ônibus para ir sentada. Aumentou sim, mas a dificuldade é a mesma”, reclama.
A auxiliar administrativa Bruna Fernandes, de 32 anos, também não notou grandes melhorias após o aumento da frota. Ela é usuária da linha 51 do Move, que liga a Estação Pampulha ao Centro da capital.
“O ônibus não passa no horário. O painel marca um horário, mas ele [o coletivo] sempre chega após o tempo previsto. Eu costumo esperar de 10 a 15 minutos na fila, e a maioria das vezes o ônibus fica cheio demais”, conta.
Sobre as reclamações, o Setra-BH afirma que elas estão sendo verificadas e avaliadas. "Diariamente técnicos do Transfácil e BHTrans estão analisando conjuntamente todas as intervenções necessárias para ajustar e adequar o sistema à demanda de passageiros em algumas linhas e trechos", diz em nota.
O sindicato afirma ainda que "as concessionárias dos serviços de transporte público de Belo Horizonte se encontram – ainda que o subsídio emergencial possa sinalizar uma recuperada no setor – em absoluto esgotamento financeiro diante do congelamento da tarifa desde o ano de 2018, bem como dos expressivos aumentos do custo do sistema, em especial a alta extraordinária no preço do óleo diesel".