
Em menos de três meses, a apreensão de drogas no Aeroporto Internacional de Confins, na Grande BH, já é 137% maior que a soma dos dois últimos anos. A retomada sem restrições dos voos internacionais – devido ao atual momento da pandemia – ajuda a explicar o salto nas ocorrências. O aumento reforça o alerta do que ainda pode ocorrer ao longo de 2022, conforme a Polícia Federal (PF).
Só de cocaína foram recolhidos 68 kg de janeiro a março. A maior parte dos flagrantes é de passageiros que tentam embarcar com entorpecentes rumo a Portugal. O terminal mineiro tem voos diretos para o país lusitano, porta de entrada para a Europa.
“A tendência é que essa modalidade de tráfico retorne”, afirma o delegado Marcelo Xavier, chefe da Delegacia de Repressão a Drogas de Confins. Até o momento, ele destaca dois casos internacionais com grande concentração de drogas. Segundo ele, houve a prisão de “mulas”, pessoas que fazem o transporte dos produtos.
Não há um perfil majoritário. São homens, mulheres, jovens e idosos. Alguns, inclusive, com boa condição financeira. “É muito variado porque esses traficantes tentam burlar a fiscalização justamente tentando dar uma heterogeneidade àquelas mulas que contratam”, explica o policial.
Também são variadas as formas de armazenamento dos entorpecentes. É comum que sejam guardados em frascos e embalagens, como de desodorantes, e inseridos no meio da bagagem. Outra situação recorrente é quando o criminoso ingere a droga.
“A gente já pegou pacotes amarrados no corpo da pessoa e tem aquela pior modalidade que é a da droga engolida. Essa é uma situação que, além do tráfico em si, representa uma gravidade tremenda, porque coloca em risco a vida daquela pessoa. Se uma das cápsulas se romper, a morte é quase certa”, acrescenta Xavier.
Para o especialista em segurança pública Luís Flávio Sapori, BH segue uma tendência conhecida por quem estuda o tráfico internacional de drogas.
“Confins se tornou uma porta de saída principalmente de cocaína para o mercado europeu e africano e entrada de drogas sintéticas, principalmente vindas de Holanda e Bélgica. É um fenômeno internacional de longa data, porque o Brasil se tornou um grande ponto de distribuição de drogas principalmente vindas de países como Bolívia, Equador e Colômbia”, afirma.
Pena
Saindo ou chegando ao país, sendo brasileiro ou estrangeiro, o detido com drogas em aeroportos é preso imediatamente. Ele responde à lei nacional de tráfico internacional ou interestadual, de acordo com o caso.
A pena pode chegar a 15 anos de cadeia, fora os agravantes, como a reincidência.