Uma casa de repouso para idosos que funciona há quase 30 anos em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, é investigada pela Polícia Civil por supostos maus-tratos contra os residentes. Denúncias enviadas ao Hoje em Dia relatam casos de agressões físicas e psicológicas.

Segundo um funcionário da instituição, que preferiu não ser identificado, os maus-tratos seriam recorrentes por parte de enfermeiras, técnicas de enfermagem e até pela equipe de limpeza. Em um dos casos, uma funcionária obrigou uma idosa com dificuldade de locomoção a se rastejar pelo chão, pois a cadeira de rodas poderia sujar o piso que tinha acabado de ser limpo.

A presença de hematomas no corpo dos moradores é comum, já que os cuidadores e enfermeiros não têm o carinho e o cuidado necessário na hora de carregá-los ou no banho. A fonte ouvida pela reportagem relatou ainda que uma pessoa sem formação em enfermagem faz o controle das medicações dos idosos, errando as doses ou mesmo o remédio a ser aplicado.

Residentes do asilo também estariam sofrendo constantes abusos psicológicos de funcionárias. Elas usariam frases como "Já está na hora dessa velha subir", em referência à morte ou "ida para o céu". Xingamentos gordofóbicos também seriam constantes no estabelecimento.

O descaso também afetaria os cuidados de saúde na casa de repouso. Medicamentos em falta e alimentação desbalanceada para pessoas diabéticas seriam problemas recorrentes e relatados, mesmo com a instituição recebendo doações para custear esses gastos.

O que diz a prefeitura e a Polícia Civil

Em nota, a Prefeitura de Diamantina informou que durante reuniões ordinárias do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso, o Executivo teve conhecimento das denúncias de supostos maus-tratos aos idosos do asilo, que é vinculado à administração da cidade. Um documento tratando a questão já teria sido encaminhado ao Ministério Público.

A Prefeitura ressaltou ainda que o asilo é devidamente regularizado junto ao Conselho Municipal dos Direitos do Idoso e ao Conselho Municipal da Assistência Social. Contudo, representantes dos dois conselhos relataram pendências documentais da casa de repouso, sem especificar quais seriam.

Reuniões lideradas pelo Ministério Público, já teriam sido realizadas com participação do Executivo Municipal e de representantes do asilo, com o objetivo de regularizar e sanar as denúncias.

Segundo a Polícia Civil, os relatos de maus-tratos vêm sendo enviados pelo Disque Denúncia desde outubro de 2022, quando foi instaurado um inquérito para apurar a veracidade das denúncias. Após os levantamentos, em dezembro do ano passado teve início a intimação dos envolvidos para os devidos esclarecimentos.

Agora os trabalhos investigativos seguem em andamento na Polícia de Diamantina.

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