A onda de assaltos à mão armada e arrombamentos de carros na UFMG vai levar a Polícia Militar (PM) para dentro do campus Pampulha, em BH. A medida é uma das alternativas estudadas para conter os crimes que têm aterrorizado tanto estudantes quanto funcionários da universidade.
Nos grupos formados por universitários no WhatsApp e Facebook, as denúncias de novas ocorrências surgem todos os dias. A mais recente foi o roubo do carro de um aluno, já confirmado pela polícia, no estacionamento da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).
A UFMG foi procurada pela reportagem, mas não se posicionou até o fechamento desta edição
Uma reunião entre a PM e a reitoria da UFMG deve acontecer hoje para definir como será desenvolvida a ação. A expectativa é a de que um grupo específico de policiais atue no local. Uma possibilidade é a Bike Patrulha, em que a ronda é feita por militares de bicicleta.
A medida é uma tentativa emergencial de enfrentar a insegurança que aflige estudantes e servidores, sobretudo os que frequentam o espaço à noite. Os pontos ermos e com pouca iluminação, como os arredores da Escola de Música, são apontados por eles como os locais mais perigosos.
Sentimento comum
Aluna do curso de engenharia de sistemas, Iana Costa, de 23 anos, afirma que as histórias de assaltos no campus têm sido cada vez mais frequentes. Ela explica que, por isso, o medo é um sentimento comum aos colegas de sala. “Evito andar sozinha por aqui à noite. Geralmente faço esse trajeto acompanhada pelo meu namorado”, relata.

Já Maraisi Miranda, estudante de engenharia mecânica, conta que amigos já tiveram os carros arrombados durante o período de aulas. Os criminosos estariam usando chaves de fenda para abrir os veículos e roubar diversos bens. “Não tenho medo de andar sozinha, mas evito sempre que posso”, explica.
Quem trabalha no campus reconhece o perigo. A auxiliar de cozinha Tatiane Sedano afirma que o risco aumenta em dias de jogos no Mineirão. “No meio dos torcedores, também há assaltantes”.
Patrulhamento
Dados da PM apontam 32 ocorrências registradas dentro do campus no primeiro semestre do ano. O número, porém, pode ser maior. Nem todos os casos são informados à polícia. Comandante da 17ª Companhia da PM, responsável pela região, major Fábio Almeida explica que, em muitas ocasiões, os alunos não fazem o boletim de ocorrência do crime. O militar também ressalta que a universidade poderia tomar medidas para reduzir o risco de novos casos.

“Anteontem, um veículo foi roubado no estacionamento da Fafich e ninguém faz ideia de como os criminosos agiram”, conta.
Almeida destaca que, sempre que há necessidade, a PM atua dentro do campus. A diferença é que, agora, um grupo de militares pode ser designado para trabalhar exclusivamente no local. “São vias públicas. Não há restrição para policiamento (da PM) lá. O que cabe apenas à Polícia Federal é a investigação dos crimes”, explica.
‘surto de violência’ e cobra solução da reitoria
O incômodo causado pela sequência de assaltos levou o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG a classificar o episódio como um “surto de violência”. O grupo afirmou que se reuniria na noite de ontem com a reitoria da universidade. Somente depois da conversa é que divulgaria um posicionamento sobre a situação.
Pelo Facebook, o DCE publicou uma nota de alerta, informando aos estudantes que a situação era inaceitável. O texto pediu a todos mais cuidado ao caminhar pelo campus Pampulha. “Evitem andar sozinhos, em especial em horários de menor movimento. Guardem seus objetos de valor de forma a dificultar seu acesso e visualização. Evitem andar com celular na mão ou com fones de ouvidos conectados. Notifiquem os seguranças e nos avisem nos grupos de redes sociais sobre qualquer ocorrência anormal que presenciarem”, dizia a postagem.
Nova lei
A exceção são as áreas e repartições classificadas como domicílio profissional, como gabinetes, anfiteatros, auditórios, salas de aulas, laboratórios e bibliotecas.
O projeto foi rejeitado na Comissão de Educação, que julgou a proposta desnecessária, já que não há proibição legal para que a Polícia Militar exerça suas funções nos campi universitários. Como recebeu pareceres divergentes, o projeto será enviado ao Plenário da Câmara dos Deputados logo após ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Em geral, as polícias Militar e Civil necessitam de autorização dos reitores para atuar nas universidades, onde a segurança é exercida por profissionais próprios. De acordo com a Constituição Federal, essas instituições têm autonomia administrativa e de gestão financeira e patrimonial.
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