Coletiva de imprensa foi concedida nesta segunda-feira (15) (Fernando Michel/Hoje em Dia)
A Polícia Civil indiciou o homem, de 25 anos, que matou o sargento Roger Dias da Cunha, 29, por homicídio quadruplamente qualificado, ou seja, com quatro qualificadores (motivo fútil, meio cruel, impossibilidade de defesa e tentativa de assegurar a impunidade). O outro suspeito, de 33 anos, responderá por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra cinco policiais.
Segundo a delegada Ariadne Coelho, durante coletiva nesta segunda-feira (15), que o atirador agiu de caso pensado e confessou o crime, sem expressar arrependimento. “O investigado já indiciado, confessa o tempo todo. Em todas as entrevistas, em todas as oitivas realizadas com ele, ele confirma ter atirado porque ele não queria ser preso, ele não queria voltar para o sistema prisional. Ele demonstram estarem aparentemente frios, são indivíduos de alta periculosidade e eles não demonstram nenhum arrependimento”.
A policial explicou que o acusado confessou o crime e disse aos policiais que não queria voltar “de jeito nenhum” para a prisão, onde cumpre pena. Ele foi beneficiado com uma “saidinha” de Natal e tem 18 passagens policiais. "Em momento algum ele mostrou arrependimento em ter matado o militar. O criminoso foi indiciado por motivo torpe, praticado contra agente da segurança pública, para assegurar a impunidade de outro crime, em razão da simulação que dificultou a defesa da vítima", detalhou.
Ele também foi indiciado por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra outro militar que participou da abordagem durante a fuga dos suspeito. Ele vai responder também por desobediência, resistência e porte ilegal de arma de fogo. Além disso, ele está sendo investigado pelo roubo do veículo que resultou na perseguição.
Durante a coletiva a delegada explicou ainda que as imagens que flagram o momento dos disparos contra o sargento Dias foram analisadas por equipes do Departamento de Homicídios e pela perícia do Instituto de Criminalística.
"Nas análises é possível visualizar com certa certeza que o sargento Dias o tempo todo emana para ele ordens de parada e ele não obedece em nenhum momento. Ele chega a levantar a mão esquerda, no sentido de se render, só que concomitantemente ele leva a mão a cintura, pega um revólver dentro da bermuda e já efetua um primeiro disparo em direção à cabeça do sargento”, detalhou.
O criminoso que matou o sargento foi transferido para o Ceresp Gameleira na última sexta-feira (12).
O outro suspeito está internado no hospital Risoleta Neves, para tratar uma infecção provocada por mordidas de cachorros durante uma tentativa de fuga em uma mata. Segundo a delegada, ele negou que estava junto com o outro criminoso na hora do roubo do veículo e, ainda, que nem o conhece. A PC encontrou impressões digitais dele dentro do veículo roubado.
Além do indiciamento por tentativa de homicídio contra os policiais, o suspeito vai responder pela tentativa de homicídio doloso contra um motociclista, atingido pelo veículo roubado na noite do dia 5 de janeiro, quando os criminosos tentavam desviar de um bloqueio policial. Ele também deve responder por desobediência, resistência, tráfico de drogas, posse ilegal de arma.
Relembre o caso
O sargento Roger Dias da Cunha participava de uma perseguição contra dois suspeitos de assalto na avenida Risoleta Neves, altura do bairro Novo Aarão Reis, na região Norte. O veículo em que os dois suspeitos estavam só parou quando bateu em um poste.
Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé. Um deles, de 29 anos, foi alcançado pelo sargento. Porém, no momento em que ele dá ordem de parada, o criminoso saca uma arma e atira, atingindo cabeça e perna.
Roger Dias foi socorrido por colegas e levado para o Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova. Em seguida, encaminhado para o João XXIII. Ele ficou internado em estado gravíssimo por três dias. Os projéteis estavam alojados no cérebro. A morte foi confirmada dois dias depois.
O suspeito de atirar no policial foi preso minutos depois. Já o segundo, de 33 anos, foi localizado escondido dentro de um chiqueiro. Os dois tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva em audiência de custódia.
O sepultamento ocorreu no último dia 9 em um jazigo de honra da Polícia Militar, no Bosque da Esperança, em BH. A família autorizou a doação dos órgãos do militar.
O sargento Roger Dias era casado e deixa uma filha de cinco meses. Ele estava na Polícia Militar há cerca de 10 anos.