cheerleading

Atletas fazem acrobacias nas ruas de BH para garantir participação em campeonato mundial nos EUA

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
03/07/2022 às 12:50.
Atualizado em 03/07/2022 às 13:01
 (Divulgação/Arquivo pessoal)

(Divulgação/Arquivo pessoal)

Sem patrocínio e com a expectativa da realização de um sonho, atletas de Belo Horizonte fazem acrobacias em semáforos, para arrecadar dinheiro e tentar a chance de disputar um torneio mundial de ‘cheerleading’ em Orlando, nos Estados Unidos (EUA), no próximo ano. 

São os famosos animadores de torcida, muito comum na cultura americana e representado em diversos filmes adolescentes estadunidenses. O esporte pode entrar para as Olimpíadas de 2028.

Aqui no Brasil, a maioria dos atletas são jovens universitários, dispostos a investir tudo para participar do Campeonato Mundial ICU, organizado pela International Cheer Union. 

Mas o caminho até lá envolve diversas etapas, muito treino e requer um investimento de cerca de mais de R$ 20 mil. É por esse motivo que Lucas Cauê - um estudante de Direito, de Brasília, mas que mora na capital mineira - faz apresentações na rua, em semáforos, na região Centro-Sul de BH. Essa é uma das estratégias que ele encontrou para custear a viagem e disputar o campeonato, que acontece todos os anos, em abril.


 

Os treinos são realizados em um espaço que o grupo divide com uma escola de circo, no bairro Calafate, região Oeste da capital. E as demonstrações nas ruas ocorrrem sempre que o grupo está próximo da data de realização de algum campeonato, inclusive nacional.

“Em setembro e outubro, por exemplo, vão acontecer campeonatos nacionais e um Pan Americano. Então, agora em julho e agosto, eu começo a ir pro sinal, para tentar levantar esse dinheiro”, detalha o estudante.

Mas o atleta conta que só esta estratégia não é suficiente para financiar todas as despesas da viagem. No começo deste ano, ele outras duas colegas arrecadaram cerca de R$ 5 mil, que foi dividido entre os três. O gasto da viagem para o campeonato mundial, por atleta, custa em torno de R$ 22 mil.

Outro desafio é inserir as apresentações nas ruas na rotina da faculdade e do trabalho. Ainda sem um emprego que consiga bancar os gastos com o campeonato, é a noite que ele e as colegas se apresentam nas vias públicas. 

“É cansativo. Aos poucos, as meninas foram desistindo e eu comecei a ir sozinho. O que era feito em equipe acabou se tornando uma batalha individual”, lamenta.

Vida de atleta

 
Foi em 2018, através de um amigo que é professor de ginástica, que Lucas conheceu e se encantou com o cheerleading. O amigo treinador convidou o estudante para ver uma apresentação, achando que o rapaz levaria jeito para o esporte, já que eu tinha uma vida ativa como jogador amador de futebol e lutador de jiu-jitsu.

“Quando vi o cara levantando a menina com uma mão, eu só pensei: eu preciso aprender a fazer isso!”, lembra Cauê.

A partir daí, ele começou a investir no esporte. Fez cursos de arbitragem, de normas e regulamento, e começou a participar das competições nacionais.

Em abril deste ano, o universitário e cerca de outros 50 atletas participaram do Mundial ICU, nos EUA, com equipes brasileiras, o "team Brazil". 

Sempre no ano anterior à disputa, os jovens participam de um processo seletivo no Rio de Janeiro, e precisam treinar com a seleção brasileira, durante quatro meses, para competir no mundial.

Durante esse período, Lucas precisou ir todos os fins de semana para a capital carioca e teve que arcar com tudo sozinho.

“É um esporte de custo elevado para competir. Tenho que bancar as passagens, hospedagem, alimentação e inscrições nos campeonatos. Até os uniformes usados na apresentação do mundial neste ano foram custeados pela Confederação Brasileira de Cheerleading, que tem sede em BH”, destaca o animador de torcidas.

Lucas já participou de dois campeonatos nacionais e universitários e conseguiu subir ao pódio em todos. Mas a premiação dos campeões não tem incentivo financeiro e o atleta levou somente a medalha para a casa.

Desafios e futuro

Mesmo diante de tantos desafios, Cauê segue em busca dos sonhos e se prepara agora para os próximos campeonatos e a seletiva para o "team Brazil”, para disputar o Mundial ICU de 2023.
 
A seleção é feita todos os anos e, mesmo se o atleta for aprovado para uma das edições,  não necessariamente vai ser selecionado para a próxima.

As dificuldades financeiras também persistem e, até a data do campeonato mundial, o jovem corre atrás de patrocinadores e usa estratégias como rifas e "vaquinhas" para bancar os custos. 

Apesar dos desafios, o atleta amador sonha alto e já participa de reuniões com empresários em busca de patrocínio. O próximo passo mira um encontro no departamento esportivo brasileiro, hoje incorporado no Ministério da Cidadania. 

Para ajudar o Lucas a realizar esse sonho basta entrar em contato pelo número (61) 98347-2635.

Lucas participou do campeonato mundial de cheerleading em Orlando, nos EUA, em abril deste ano (Divulgação / International Cheer Union)

Lucas participou do campeonato mundial de cheerleading em Orlando, nos EUA, em abril deste ano (Divulgação / International Cheer Union)



Lucas participou do campeonato mundial de cheerleading em Orlando, nos EUA, em abril deste ano (Divulgação / International Cheer Union)

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