pólio, sarampo e meningite

Baixa cobertura vacinal traz risco de volta de doenças em crianças, alerta especialistas na ALMG

Da Redação
Portal@hojeemdia.com.br
09/11/2022 às 19:23.
Atualizado em 09/11/2022 às 19:29
Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia debate a importância da campanha de vacinação nas escolas estaduais (Guilherme Bergamini / ALMG / Divulgação)

Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia debate a importância da campanha de vacinação nas escolas estaduais (Guilherme Bergamini / ALMG / Divulgação)

“Não atingimos nenhuma das metas nacionais nas campanhas de vacinação desse ano. Temos um contingente importante de crianças que precisam ser vacinadas”. 

A declaração da diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde, Marcela Lencine Ferraz, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (9) acendeu um alerta para o risco do retorno de doenças que eram consideradas erradicadas. 

É o caso da poliomielite, por exemplo, ilustrou a especialista. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), “embora o último caso confirmado de poliomielite por poliovírus selvagem na Região das Américas tenha ocorrido em 1991, a ameaça continua”.

Durante a audiência promovida pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, Marcela Lencine Ferraz apresentou dados e ressaltou que 765 municípios mineiros (89% do total), estão com a classificação de risco alta para a reintrodução de doenças que podem ser evitadas com vacina, como polio, sarampo e influenza. 

“Contra a poliomielite tivemos 84%, a meta era 96%. Parece uma diferença pequena, mas esse passivo vai acumulando ao longo dos anos e, desde 2016, estamos tendo quedas muito expressivas. O risco de recrudescimento de doenças que estavam sob controle é muito real”, destacou.

Marcela alertou ainda que há baixa vacinação entre adolescentes, que não costumam frequentar os serviços de saúde. “No Sistema Único de Saúde (SUS) temos sete vacinas disponíveis para adolescentes, mas muitos familiares não estão cientes da necessidade de vacinação. Precisam ser adotadas estratégias mais amplas” ressaltou. 

Meningite C 
Segundo a diretora, o governo está ampliando a vacinação para Meningite C em Minas Gerais, para população entre 16 e 30 anos, além de trabalhadores da saúde, professores e trabalhadores da educação superior.

A ampliação do público-alvo tem como objetivo aumentar a proteção contra a doença, que, desde 2017, não atinge a meta de cobertura.

Cobertura só cai
Em todo o País, a situação da cobertura vacinal é classificada por especialistas como calamitosa.

O médico e doutor em Ciências, Akira Homma, que participou de Estudos Epidemiológicos e Virológicos de Enterovirus, apoiando Campanhas de Vacinações da Poliomielite, destacou que a cobertura vacinal brasileira é a mais baixa em três décadas."

Segundo ele, "o Brasil ocupa o ranking dos dez países no mundo com a maior queda, ao lado de Angola", destacou. O especialista disse tainda que em 2022, 26% das crianças brasileiras não receberam nenhuma vacina, nem uma única dose de nenhuma das 18 vacinas disponíveis pelo SUS.

"É a maior queda mundial de imunização infantil em uma geração e os efeitos serão medidos em vidas. É com esse crescente número de crianças desprotegidas que teremos de lidar nos próximos anos”, afirmou. 

Para o médico, cinco questões explicam o baixo comparecimento da população para ampliar a cobertura vacinal:  "O desabastecimento de vacinas, o negacionismo, o funcionamento dos postos apenas em horário comercial, o registro das vacinas em sistemas que não se comunicam e a má gestão da atenção primária de saúde: todos são graves motivos para a baixa cobertura vacinal”, concluiu. 

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