BH tem cerca de 700 imóveis tombados, muitos deles ignorados

Letícia Alves - Hoje em Dia
Publicado em 14/10/2014 às 07:34.Atualizado em 18/11/2021 às 04:36.
 (Flávio Tavares)
(Flávio Tavares)

Quem passa – mesmo que diariamente – por algumas das mais movimentadas ruas e avenidas do centro de Belo Horizonte dificilmente percebe os belos traços arquite-tônicos de vários prédios que contam parte da história da cidade. Dos cerca de 700 imóveis com título de patrimônio municipal, 95 estão na avenida Afonso Pena e nas ruas da Bahia e Caetés.

Somente na Afonso Pena, um dos maiores corredores de tráfego da capital, há 35 imóveis dignos de uma olhada mais apurada.

“A avenida conta um pouco da história da arquitetura da cidade porque apresenta imóveis com vários estilos, desde (Oscar) Niemeyer, na Praça 7, até o prédio da Secretaria de Agricultura, no início da praça Rio Branco, mais conhecida como ‘da rodoviária’”, explicou a historiadora da Diretoria de Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, Françoise Jean.

Considerada um museu a céu aberto, a rua Caetés – inaugurada três anos após a capital, como principal via econômica – também tem várias belezas que “se escondem” no corre-corre do dia a dia, com prédios de várias fases arquitetônicas do início do século XX ainda com as fachadas originais.

“Ela conta muito da história comercial da cidade, dos comerciantes sírios, libaneses e turcos”, explicou Françoise.

Na rua da Bahia, que o poeta Carlos Drummond de Andrade considerava a mais mineira das vias, outros 36 imóveis tombados. Belezas para apreciar e preservar.

Igreja São José

Com projeto arquitetônico do engenheiro Edgard Nascentes Coelho, a paróquia tem estilo neomanuelino com forte influência holandesa. A construção apresenta forma de cruz latina com 60 metros de comprimento e 19 metros de largura. A decoração do interior, iniciada em 1910, conta com capitéis no estilo coríntio. No presbitério, há um órgão de tubos fabricado em 1927. A igreja está localizada na avenida Afonso Pena, esquina das ruas dos Tamoios e Espírito Santo.


Parc Royal

Localizado na rua da Bahia, 894, entre a avenida Afonso Pena e a rua Goitacazes, o edifício projetado pelo arquiteto Luís de Morais foi construído para abrigar a casa de moda mais sofisticada da cidade: Parc Royal. Inaugurado em 1921, o prédio tem características clássicas e elementos do art noveau, com detalhes de linhas retas no sentido horizontal e verticais nos frisos e relevos. Conta ainda com platibanda, moldura típica das construções da época. As sacadas e luminárias destacam-se no conjunto, tombado em 1994.

Edifício Acaiaca

Situado na avenida Afonso Pena, entre as ruas Espírito Santo e Tamoios, o edifício foi projetado no estilo art déco e, por causa do seu volume e localização, é considerado um marco da verticalização de BH. O prédio, finalizado em 1947, com 29 andares, é tido como uma das mais importantes realizações da arquitetura moderna. Possui esculturas de índio na fachada, que foram construídas com a utilização de andaimes.

Castelinho “Grande Palácio”

Chamado de “Grande Palácio” da avenida Afonso Pena, o imóvel é uma réplica dos edifícios europeus e um dos poucos prédios que marcam o início da formação de Belo Horizonte. Localizado na esquina da avenida Afonso Pena com rua Espírito Santo, o prédio foi construído em 1925 pelo português Álvaro José dos Santos. A torre de metal foi erguida com material importado.

Conservatório Mineiro de Música

Inaugurado em 1926, foi o primeiro espaço de BH dedicado exclusivamente à música clássica, tendo grande influência na vida cultural da cidade. O edifício de dois pavimentos foi projetado e erguido pela Companhia Construtora Nacional e tombado como patrimônio em 1988. A fachada em estilo neoclássico destaca-se pela simetria sóbria e proporções harmônicas. A construção tem mais de mil metros quadrados e foi erguida a partir de uma planta em formato de V, na avenida Afonso Pena, 1.534. Hoje, abriga o Conservatório de Música da UFMG.

Funeral House

O imóvel que hoje abriga a Funeral House, na avenida Afonso Pena, 2.158, foi concebido pelo arquiteto italiano Romeu di Paoli e concluído em 1950. Para a construção foram utilizados vitrais, mármores importados e lustres de cristal da Boêmia – itens considerados requintados na época. A casa foi reformada em 1988 e, em 1994, recebeu o título de patrimônio municipal. O resgate dos lustres e da arquitetura original foi possível após a instalação da Funeral House, em 2011. 

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