
O estacionamento para carga e descarga vai mudar em Belo Horizonte a partir da próxima quarta-feira (5), quando a BHTrans irá limitar em uma hora o tempo para a operação dos veículos com placa vermelha. Ao contrário do rotativo tradicional, o de carga e descarga não terá cobrança. Mas quem descumprir o prazo estará sujeito a multa de R$ 195. A infração é considerada grave.
Diferentemente do rotativo tradicional, destinado a automóveis particulares, hoje as áreas de carga e descarga não têm limites de tempo de uso, o que se tornou um problema para o trânsito da capital mineira. Quem explica é José Carlos Mendanha, diretor de Sistema Viário da BHTrans: "Há condutor que para o caminhão na carga e descarga e vai dormir (na boleia). Já aquele que precisa fazer uma carga ou descarga vai estacionar onde? Na fila dupla?".

Belo Horizonte tem 770 estacionamentos para veículos de placas vermelha, os quais possibilitam 2.656 operações de carga e descarga. A mudança, segundo Mendanha, irá aumentar este número para 36.387 oportunidades de carga e descarga.
Para monitorar o tempo nestas áreas, a BHTrans vai incluir no aplicativo do rotativo digital a opção carga e descarga. O condutor terá de entrar no sistema e digitar a placa do veículo. A utilização do sistema rotativo digital será exigida das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira. E das 8h às 13h, aos sábados.
Infrações
"Quais situações em que o motorista pode eventualmente cometer uma infração? Primeira: estacionar o veículo e não fazer carga ou descarga. Segunda: está fazendo a carga e descarga, mas sem estar logado no sistema (rotativo digital). Terceira: está estacionado, está logado, mas exceder ao período de um hora", reforçou Mendanha.
Ele contou que a BHTrans fez uma pesquisa e que, em média, cada operação de carga ou descarga leva 35 minutos: "Tempo abaixo do limite de uma hora. Mas, na hipótese de algumas áreas precisarem de um período maior, devido a particularidades da região ou do comércio, estamos abertos ao diálogo. Podemos ampliar, sendo o caso, o período".
Impactados
As transportadoras de carga não gostaram da mudança. Desconfiam que, no futuro, a prefeitura poderá rever a gratuidade do serviço e, assim como no rotativo convencional, cobrar pelo uso da área.
“Há risco real de o frete aumentar. Não temos confiança de até quando será gratuito por uma hora”, afirmou Luciano Medrado, consultor do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg).
O especialista esclarece que o tempo de operação para carga ou descarga leva em conta especificidades de cada ramo de negócio. “Você pode gastar cinco minutos para abastecer uma padaria ou uma hora e meia para descarregar num supermercado”.
Veja o vídeo da entrevista com o José Carlos Mendanha: