(Flávio Tavares)
Vinte militares do Corpo de Bombeiros de Minas, especialistas em operações de busca, salvamento, enchentes e gestão de desastre, seguem nesta sexta-feira (29) para Moçambique, país africano que foi severamente destruído após a passagem do ciclone Idai. Outros vinte militares da Força Nacional de Segurança Pública também vão participar do resgate às vítimas do tornado.
Todos os agentes mineiros que integram a ajuda humanitária atuaram em Brumadinho, na Grande BH, depois que o rompimento de uma barragem de rejeitos soterrou mais de 300 pessoas. Na tragédia, 216 pessoas morreram e 88 continuam desaparecidas. Apesar do embarque da equipe mineira, a corporação reforçou que as buscas em Brumadinho prosseguem sem ser prejudicadas. "O empenho dos militares não impactará a atuação do CBMMG em Brumadinho ou nas outras cidades, visto que o planejamento de rodízio das equipes já contemplava essa e outras possibilidades de apoio", destacou o Corpo de Bombeiros.
A princípio, os militares de Minas vão ficar 15 dias na região das cidades de Beira e Dondo, em Moçambique. Já os militares da Força Nacional foram autorizados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública a permanecer no país africano por mais tempo. Portaria publicada no Diário Ofical da União permitiu a atuação inicial de 30 dias, prazo que pode ser prorrogado conforme as necessidades locais.
Embarque
Os militares dos bombeiros e da Força Nacional vão partir nesta noite do aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. O transporte será feito pela Força Aérea Brasileira (FAB) e, além de alimentação e água, a tropa brasileira também levará picapes, botes, drones com imageadores térmicos e ferramentas específicas como desencarceradores e expansores hidráulicos.
Por meio do Ministério da Saúde, o governo brasileiro também vai doar medicamentos e insumos estratégicos para Moçambique. Ao todo, serão enviados seis kits de medicamentos e insumos, totalizando 870 kg, quantitativo suficiente para atender até 3 mil pessoas por um período de três meses.
Segundo o governo federal, a previsão é que, no mais tardar na segunda-feira (1º), as equipes brasileiras comecem a atuar no resgate às vítimas africanas. A ajuda humanitária atende a pedido feito pelo presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, ao presidente Jair Bolsonaro.
Ajuda humanitária
Além das ações de busca e resgate, os militares de Minas também vão atuar nas atividades de planejamento e inteligência, com o conhecimento aplicado acerca de mapeamento estratégico, georreferenciamento, busca aérea, entre outros. "A tropa mineira é considerada referência mundial nesse tipo de atividade, com experiência nas reiteradas enchentes e inundações que já ocorreram nas Minas Gerais", destacou a corporação.
Já bombeiros da Força Nacional atuarão prioritariamente na cidade de Beira. A capital do estado de Sofala está entre as mais populosas do país e foi uma das localidades mais afetadas pelos fortes ventos, chuvas e inundações causadas pela passagem do Ciclone Idai. Estima-se que, só em Moçambique, 1,8 milhão de pessoas tenham sido prejudicadas e precisem de alguma forma de ajuda.
Devastação
O ciclone Idai, que atingiu o sudeste da África, já provocou mais de 750 mortes em Moçambique, Zimbabwe e Malawi. A força dos ventos atingiu 200 quilômetros por hora, provocando a devastação de vilarejos inteiros, causando mortes e isolando pessoas. Mais de 2,5 milhões de habitantes foram diretamente afetados e as inundações decorrentes do fenômeno atingiram também Madagascar e África do Sul.
*Com Agência Brasil
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