Brasileiras pedem ajuda para sair do Peru após fechamento das fronteiras devido ao coronavírus

Juliana Baeta
jcosta@hojeemdia.com.br
17/03/2020 às 10:54.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:58
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Com as fronteiras fechadas por causa do avanço da pandemia do coronavírus pelo mundo, brasileiros que estão no Peru relatam descaso das autoridades em ajudá-los a voltar para a casa. Segundo o Itamaraty, atualmente há, no país, 3.770 turistas brasileiros.  

A empresária Raquel Oliveira, de 37 anos, moradora de Belo Horizonte, que chegou ao país no dia 12 deste mês e tinha viagem marcada de volta ao Brasil para o dia 20 de março, foi pega de surpresa nessa segunda (16) ao ser informada de que os estrangeiros só poderiam permanecer no Peru até à meia-noite.

Ela e uma amiga de Brasília gravaram um vídeo para contar sobre a situação:



"No domingo, dia 15, o governo do Peru decretou estado de emergência e nós não ficamos sabendo de nada nem pelas linhas aéreas, e nem pela embaixada ou o consulado do Brasil. Fomos ficar sabendo somente ontem (16), quando tínhamos ingressos para Machu Pichu e chegamos lá e estava fechado", relata a empresária. 

Neste momento, ela foi para o aeroporto de Cusco, mas foi impedida pelo Exército peruano de entrar. "Só estava permitida a entrada de quem tinha voo ontem e o nosso voo está marcada para o dia 20". 

Depois, Raquel foi procurar a companhia aérea e foi informada de que só haveria a troca da passagem antecipando a data após o espaço aéreo ser aberto, o que deve ocorrer somente no dia 30 de março. 

"O escritório da embaixada brasileira no Peru estava fechado e também tentamos contato por telefone, sem sucesso. Deixamos mensagens e e-mails, sem resposta. Por sorte, conseguimos achar um hotel para nos acolher por um preço simbólico, porque se compadeceram de nossa situação. Mas, a maioria dos hotéis e restaurantes aqui estão fechados, e também já começa a ter escassez de alimentos. Ainda somos privilegiadas porque encontramos um teto para ficar, mas muita gente no aeroporto deve ter que sair de lá sem ter para onde ir. Nós contamos mais ou menos 50 brasileiros na mesma situação que nós", explica. 

Ela conta, ainda, que a resposta que recebeu depois do Itamaraty, por e-mail, foi a de que procurassem a respectiva companhia aérea. Também foi sugerido que acompanhassem as páginas do governo de Lima e da embaixada do Brasil no Peru pelo Facebook. 

O que diz o Itamaraty

Procurado pela reportagem, o Itamaraty informou que "a Embaixada do Brasil em Lima está acompanhando a delicada situação dos turistas brasileiros que estão tentando retornar ao Brasil após a decretação do estado de emergência por parte do governo peruano em decorrência da Covid-19. A Embaixada do Brasil em Lima tem realizado gestões em alto nível junto às autoridades peruanas e às companhias aéreas com vistas a obter autorização para o retorno imediato dos brasileiros que se encontram impossibilitados de deixar o país. Além disso, está solicitando às autoridades locais que atuem junto a associações de hotéis em Cusco para que assegurem a necessária hospedagem aos turistas brasileiros durante esse período".

O órgão também recomenda que os cidadãos brasileiros "presos" no país "mantenham a serenidade e observem estritamente as medidas determinadas pelas autoridades peruanas, e que acompanhem a página do Facebook e website da Embaixada do Brasil em Lima". Além disso, "situações emergenciais poderão ser tratadas por telefone nos números de plantão consular +51 985 039 263 e +51 985 039 253, preferencialmente por mensagens via WhatsApp". Na manhã desta segunda, o site da Embaixada do Brasil em Lima estava fora do ar. 

O Itamaraty restringe "situações emergenciais" como "acidente, morte, doenças graves, detenção no aeroporto, desaparecimento, prisão, violência doméstica, sequestros e casos similares".   

Em uma videoconferência para tratar do avanço da doença nessa segunda-feira entre os presidentes latino-americanos, incluindo o do Peru, Martín Vizcarra, e os da Argentina, Paraguai, Chile, Equador, Colômbia e Bolívia, o presidente do Brasil Jair Bolsonaro decidiu não participar. Atualmente, segundo os dados atualizados do Ministério da Saúde, o Brasil tem 234 casos confirmados de pessoas com a Covid-19 e outros 2.064 em investigação. 

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