Batalha política

Câmara de BH: Gabriel denuncia suposto esquema de propina comandado por Marcelo Aro

Vereadores retornaram nesta segunda as oitivas no processo que avalia a cassação do atual presidente

Pedro Melo
pmelo@hojeemdia.com.br
06/11/2023 às 18:20.
Atualizado em 06/11/2023 às 19:59
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Após paralisação de quatro dias, a Câmara Municipal retornou, nesta segunda-feira (6), com os depoimentos no processo que avalia a cassação do atual presidente, Gabriel Azevedo. Em um dos pronunciamentos, o chefe da Casa acusou o secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro (PP), de ter tentado barrar a aprovação da lei do subsídio do transporte público a fim de obter vantagem em um suposto esquema de propina que estaria sendo arquitetado junto a empresários do setor na capital.

Este é o terceiro dia de depoimento. Nesta segunda, Gabriel aproveitou o momento para falar de um suposto esquema envolvendo políticos e servidores do Governo em processos de subsídios às empresas de ônibus. “Pouco antes da concretização da votação em segundo turno, o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro, e o vice-presidente desta Câmara, Juliano Lopes, me exigiram que esse projeto não fosse votado porque eles estavam em negociação com empresários para conseguir dinheiro vivo, e, se eles não conseguissem esse dinheiro vivo, eles não gostariam de votar o projeto em segundo turno", acusou Gabriel.

O vereador ainda continuou o discurso se defendendo no cargo e afirmando que querem tirá-lo da Presidência para obterem vantagem. “Querem me arrancar da Presidência, para que se sente alguém que vai ajudar o senhor Marcelo Aro a corromper e ser mais corrupto”.

Após as denúncias, Gabriel e a presidente da comissão processante, Janaína Cardoso (União), iniciaram um bate-boca. De acordo com a vereadora, o presidente estaria usando as falas para se desviar do foco da reunião ao realizar acusação contra Aro e a família dele na Câmara. Já o chefe da Casa retrucou, afirmando que Janaína prejudicou a atuação de sua defesa ao interromper uma pergunta que era feita por ele.

Nesta segunda, foram ouvidos os vereadores Henrique Braga (PSDB) e Irlan Melo (Patri) – que prestaram esclarecimentos sobre a atuação da Presidência da Casa nos lances finais da CPI da Lagoa da Pampulha. 

Também depuseram além de Guilherme Barcelos, atual chefe de gabinete da Presidência, que prestou depoimento sobre a suposta utilização da estrutura e do pessoal da Câmara para obtenção indevida da assinatura do corregedor da Casa, Marcos Crispim (Pode).

Por meio de nota, Marcelo Aro, que está na China a trabalho pela Secretaria de Estado da Casa Civil, afirmou que as acusações são "infundadas" e acusou Gabriel de querer "palco" (leia a nota na íntegra ao final). A equipe do Hoje em Dia entrou em contato com o vereador Juliano Lopes e aguarda retorno.  

Próximos passos 

Os trabalhos da Comissão Processante prosseguem com a oitiva de outras quatro testemunhas e do depoente. Na terça (7), às 9h, 10h e 11h, respectivamente, serão ouvidos os vereadores Sérgio Fernando Pinho Tavares (PL), Braulio Lara (Novo) e Cleiton Xavier (PMN). Já na quarta (8), às 9h e às 10h, será a vez da vereadora Fernanda Pereira Altoé (Novo) e do próprio Gabriel.

Após concluídas as oitivas, será aberto prazo de cinco dias para que o presidente apresente, por escrito, suas alegações finais. Na sequência, a relatora, vereadora Professora Marli, deverá elaborar um parecer final acerca do pedido de cassação, que será votado pelas integrantes da Comissão Processante. Posteriormente a denúncia segue para apreciação do Plenário. São necessários 28 dos 41 votos para que ocorra a cassação do mandato.

Nota de Marcelo Aro à imprensa

Estou na China, trabalhando por Minas Gerais. Na esfera estadual, legislativo e executivo têm trabalhado muito para que o Estado se desenvolva. Buscando investimento e avanços sociais. 

Fico triste de ver que em BH a realidade não seja a mesma. O poder legislativo que tem tanto a contribuir está se apequenando, através de seu presidente, e ao invés de estar se ocupando de resolver os problemas das pessoas, como estamos fazendo no estado, o presidente faz questão de fazer da Câmara um campo de batalha sobre ele mesmo pensando exclusivamente na próxima eleição. 

Não vou responder às acusações infundadas que ele me fez porque é justamente isso que ele quer: palco. Todos conseguem perceber seu desespero pra criar uma narrativa de vítima, o que ele definitivamente não é. Se eu pudesse dar a ele uma sugestão seria que ele arrume alguém do tamanho dele para brigar, porque eu tenho mais o que fazer e vamos tratar na justiça e não na imprensa. Lamento que tente me medir pela sua régua. Em breve, quem ainda não enxergou, enxergará de maneira clara quem ele é. 

Espero que BH e a Câmara passem logo essa página para que voltem a contribuir com a cidade como nunca deveria ter deixado de ser.

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