(Wesley Rodrigues)
Belo Horizonte registrou, em média, mais de uma ocorrência de violência sexual contra crianças e adolescentes por dia nos primeiros três meses do ano. De janeiro a março, foram 124 casos. Mas levando em conta dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o número está bem aquém da realidade. De acordo com o órgão, apenas 10% desse tipo de crime é denunciado.
Para alertar a população sobre a importância de relatar a violência contra os menores, a Praça 7, no Centro, foi palco de uma ação de combate ao abuso e exploração infantil. Quem passou pelo local recebeu cartilhas da Secretaria Municipal de Políticas Sociais e orientações sobre o tema por grupos de teatro e percussão.
Ainda de acordo com a Unicef, cerca de 80 % a 90% da violência sexual contra menores acontecem no ambiente familiar. É a partir da denúncia que a vítima tem a proteção necessária.
Sinais
Secretário municipal de Assistência Social, Marcelo Mourão reforça que a população deve estar atenta a indícios que apontam para uma possível agressão sexual contra crianças e adolescentes. “Deve denunciar ao perceber indícios de que a criança esteja demasiadamente submissa, triste ou agressiva. A queixa não diz que o fato existe, mas aponta sinais que serão verificados”, afirma.
Com a denúncia feita, a família e a suposta vítima recebem acompanhamento periódico com psicólogos e assistentes sociais, serviço oferecido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). “Em casos de abuso grave, quando a criança precisa ser retirada da família, fazemos o acolhimento para ela ficar em nossa rede de proteção”, diz o secretário.
Os abrigos da rede de acolhimento de assistência social disponibilizam cerca de 800 vagas para crianças e adolescentes em vários tipos de violações de direitos. Hoje, a Secretaria Municipal de Educação também atua diretamente com os alunos no enfrentamento do problema.
Aumento de relatos
Segundo Luciana Crepaldi, coordenadora do Programa de Enfrentamento do Abuso e Exploração Sexual de Criança e Adolescente, as denúncias crescem quando há campanhas contra esse tipo de crime. Porém, não quer dizer que os casos estão aumentando. “É uma questão de empoderamento. A omissão é tão grave quanto o abuso ou a exploração”.
Denúncias de casos de violência ou exploração sexual contra crianças e adolescentes podem ser feitas pelo Disque 100, cujo atendimento é nacional. Já o contato da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, em BH, é o (31) 3201-0078. Os casos também podem ser relatados no Conselho Tutelar, pelo telefone (31) 3277-1912.
As ações continuam até o fim do mês, com debates nos espaços do BH Cidadania/Cras da cidade, além de distribuição de folders, blitze educativas, palestras e confecção de flores que representam a campanha com o envolvimento das crianças e adolescentes das escolas municipais.