Quinze mandados de busca e apreensão foram cumpridos durante a operação que investigava um esquema de sonegação fiscal, envolvendo um grupo de atacadistas e redes de supermercado em Minas, nesta terça-feira (2). Vasto material foi recolhido, além do bloqueio de R$ 476 milhões, entre ativos financeiros, bens e imóveis.

Entre os alvos da Operação Ambiente 186, está Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como operador do Mensalão, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os trabalhos são conduzidos pela Polícia Civil, Ministério Público e Receita Estadual.

Conforme o MP, durante as buscas nas sedes de empresas e casas de empresários na Grande BH e Centro-Oeste de Minas, foram apreendidos cerca de R$ 100 mil em espécie, 14 celulares e 22 dispositivos eletrônicos de armazenamento de dados, além de documentos. Também houve a apreensão de três carros de luxo, supostamente usados pela organização para lavagem de dinheiro. 

Ainda segundo o Ministério Público, o grupo reduzia artificialmente o custo das mercadorias para evitar o pagamento de impostos estaduais. As investigações demonstraram que a organização criminosa se apropriava indevidamente do imposto que deveria ser recolhido, convertendo os valores em benefício patrimonial. 

Próximos passos da Operação Ambiente 186 

Conforme a promotora de Justiça Janaína de Andrade Dauro, os documentos e os dispositivos eletrônicos apreendidos serão analisados com o intuito de identificar o papel de cada um dos alvos no esquema. Além disso, as buscas servirão para mensurar o valor efetivamente sonegado. Até o momento, a estimativa é que a sonegação tenha atingido R$ 215 milhões, mas, segundo Janaína, o valor "provavelmente é maior".

Marcos Valério é representado pelo escritório Arges & Arges Advogados. Segundo a defesa, ele é investigado por "motivos ainda não esclarecidos". Ainda conforme os advogados, não foram localizados materiais ilícitos durante os mandados cumpridos hoje. 

"Embora o acesso aos autos ainda não tenha sido disponibilizado, a defesa reafirma sua confiança no Poder Judiciário e nas instituições democráticas, destacando que o Sr. Marcos Valério Fernandes de Souza sempre se colocou integralmente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos, pautando sua conduta pela legalidade, transparência e cooperação", informa nota enviada.

.

Leia mais

Mãe teria dado três opções à filha adolescente antes de tragédia em hotel de BH

Marcos Valério, operador do Mensalão, é alvo de operação contra sonegação em atacadistas de Minas