
“É a celebração do amor”, define o militante LGBT Toni Reis, ao falar sobre a explosão de casamentos gays em Minas. Os registros civis mais que triplicaram nos últimos seis anos. O salto é reflexo de uma demanda reprimida e da lei sancionada em 2013, que reconheceu a união oficial entre pessoas do mesmo sexo.
Em contrapartida, no mesmo período, houve redução de 6% nos matrimônios heterossexuais e aumento de 14% nos divórcios. Os números no Estado seguem a média nacional. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE.

A cerimônia entre a publicitária Fabiana e a advogada Tagiane
Só em 2018 os cartórios registraram 737 uniões da população LGTB. O publicitário Cristiano Bueno Santa Bárbara e o estudante de Engenharia Gustavo Baldim integram a lista. A celebração contou com a presença e o apoio incondicional de familiares e amigos. “Foi muito emocionante. Com certeza um dos dias mais felizes da minha vida”, recorda Cristiano.
O enlace, reforça o rapaz de 33 anos, foi para ter direito a uma série de garantias, como a opção de comprar um imóvel compartilhado. Juntos, o principal desafio seria a criação de um filho. “Apesar de gays, somos privilegiados por sermos brancos e de classe média, não sofremos muito preconceito. Mas as crianças são mais expostas ao preconceito. Por isso, a gente ainda está evoluindo sobre esse tema”, disse.

Mais amor
Casadas desde 2016, a publicitária Fabiana Perdigão Nassau e a advogada Tagiane Gomide Guimarães classificaram a união como um divisor de águas.
“Era o sonho da Tagi, ela sempre quis se vestir de noiva. Mas, por muitos anos, esse desejo ficou distante, porque fomos criadas em uma sociedade preconceituosa, muito machista”. Quando formalizou a união, Fabiana se “colocou no mundo”. “Tinha muito receio, mas recebemos apoio das famílias e amigos”, acrescentou.
A produtora de eventos Luiza Nassau, irmã da publicitária, foi a responsável pela organização da festa. Segundo ela, as celebrações LGBT tendem a ser mais emocionantes. “Já organizei três casamentos gays. É uma luta e uma conquista. É um ato de amor, um processo de aceitação e a concretização de um projeto familiar”.
Sabemos que somos 10% da população. E, antigamente, os homossexuais não se casavam por medo de irem ao cartório e serem barrados. Depois que o Supremo Tribunal reconheceu que homofobia é crime, e aceitou a união entre casais do mesmo sexo, as pessoas estão mais legitimadas a se aceitarem. Casamento é um direito do ser humano. E, perante a lei, todos somos iguais, sem distinção de qualquer natureza. Por isso, cada um casa com quem quiser. O que continuamos a ver hoje é o casamento de humanos com humanos. O que mudou é que, agora, existem outros tipos de famílias"
Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI e idealizador da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT)
