Caso de mineira que denunciou João de Deus poderá ser reaberto pelo MP de Goiás

Cinthya Oliveira
17/12/2018 às 16:40.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:37
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Ministério Público de Goiás avalia se poderá reabrir o caso referente à denúncia de abuso sexual feita por uma advogada mineira em relação ao médium João de Deus. O caso começou a correr na Justiça contra o curandeiro há dez anos, mas o réu foi inocentado na segunda instância por falta de provas em 2013.

Como agora o MP de Goiás está realizando uma força-tarefa para reunir depoimentos de centenas de mulheres que teriam sido abusadas pelo médium, esse conteúdo poderia ser usado como prova no caso da advogada mineira. O MP de Goiás, porém, não informou se a belo-horizontina entrou em contato com o órgão para pedir a reabertura do caso.

João de Deus foi preso preventivamente neste domingo (16) pela Justiça de Goiás. Mais de 300 mulheres já teriam procurado o Ministério Público para formalizar suas denúncias. Em Minas, até o momento, foram 16. Muitas mulheres passaram a ter coragem de falar sobre o assunto após uma denúncia feita no programa “Conversa com Bial” do dia 7 de dezembro.

Relato

A história da advogada ganhou repercussão neste domingo (16), depois que ela concedeu uma entrevista ao “Fantástico”, na Globo. A denunciante, hoje com 26 anos, conta que foi abusada por João de Deus durante um atendimento espiritual em Abadiânia, em 2008. Ela teria procurado ajuda para curar uma síndrome do pânico.

O abuso teria acontecido dentro de uma sala e o pai da jovem estava presente no local. João de Deus teria mandado o homem ficar de costas, com os olhos fechados, fazendo suas orações. Neste momento, o médium teria passado a mão nos seios e na vagina da moça, então com 16 anos. Depois disso, ele teria pegado a mão dela e colocado sobre o pênis dele, dizendo que tudo aquilo fazia parte da cura.

A mineira relatou o abuso à família ao chegar em casa, em Belo Horizonte. Os pais, arrasados, a levaram até uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência sobre o caso. Ela teria sido a segunda mulher a fazer uma denúncia contra o médium. Antes, outra mineira teria dito que sofreu abuso sexual no Centro Dom Inácio de Loyola, mas desistiu da ação.

Julgamento

No caso referente à denúncia feita pela advogada, em primeira instância, João de Deus foi inocentado do crime de violação sexual mediante fraude. A juíza entendeu que o médium não enganou a então adolescente, pois o pai estava lá para ampará-la e poderia ter reagido.

O MP de Goiás recorreu, mas o desembargador relator levantou dúvidas sobre o depoimento da mulher e João de Deus foi absolvido novamente, desta vez por "falta de provas". O magistrado considerou ainda que a denunciante, por ter síndrome do pânico, teria uma condição mental em que não consegue diferenciar fantasia de realidade.

A reportagem do Hoje em Dia entrou em contato com o escritório de advocacia em que a denunciante mineira trabalha, mas não recebeu retorno da advogada.

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