
Os capítulos finais do julgamento do promotor André Luiz Garcia de Pinho devem ser escritos a partir desta quarta-feira (29), no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG),em Belo Horizonte. Acusado de matar a esposa, Lorenza Maria de Pinho, em abril de 2021, ele estará sentado no banco dos réus.
Quem vive com angústia esse momento é o pai de Lorenza, Marco Aurélio Silva. Ao Hoje em Dia, ele disse que jamais vai perdoar o promotor. “O peito está cheio. Há dois anos meu peito é só dor. A expectativa desse dia que não começa, não termina"
Durante esses dois anos, Marco Aurélio jamais conversou com o acusado, e nem pretende mesmo quando ficar cara a cara com ele no tribunal. "Nunca quis. Não tenho essa caridade de perdoar um ato desse. Não sou Deus para perdoar isso. Não tem como perdoar uma monstruosidade dessa”, afirmou.
O julgamento deve se estender pelos próximos dias. Serão ouvidos os advogados de acusação e de defesa. Após as ponderações, os desembargadores irão votar. Por ter foro privilegiado, André só pode ser julgado por promotores de Justiça.
Marco espera que, ao fim do julgamento, André seja condenado à pena máxima pelo crime de feminicídio. “Por essa barbaridade toda, por um feminicídio que matou a mãe de cinco filhos. Isso não vai trazer minha filha de volta, sei disso. Mas esperamos que mostre para a sociedade que mesmo sendo um alto dignitário da Justiça, ele será punido. A condenação do André vai servir de exemplo”, desabafou.
Relembre o caso
Lorenza morreu em 2 de abril, no apartamento onde morava, no bairro Buritis, região Oeste de BH. Inicialmente, a versão era que ela teria engasgado. O corpo chegou a ser levado para uma funerária, mas um delegado determinou que fosse encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML). O promotor sempre negou ter cometido o crime, mas foi preso dois dias.
A prisão atendeu a um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Em 12 de maio, o TJMG decidiu, por unanimidade, pela manutenção da preventiva do promotor.
Lorenza deixou cinco filhos, de 2, 7, 10, 15 e 16 anos. Em audiência na Vara da Infância e Juventude, a Justiça decidiu, provisoriamente, que a guarda ficaria com amigos próximos ao casal.