Hoje, em BH

Caso Lorenza: pai de vítima é o primeiro a ser ouvido no julgamento do promotor André de Pinho

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
08/08/2022 às 10:42.
Atualizado em 08/08/2022 às 11:27
 (Valéria Marques / Hoje em Dia)

(Valéria Marques / Hoje em Dia)

O pai de Lorenza de Pinho, Marco Aurélio Silva, de 74 anos, é o primeiro a testemunhar na audiência de instrução e julgamento do promotor André Luís Garcia de Pinho, de 52 anos, acusado de matar a esposa em Belo Horizonte em 2021. As oitivas começaram na manhã desta segunda-feira (8), no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, na região centro-sul da capital.

Casada por duas décadas com o promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Lorenza morreu aos 41 anos de idade entre a madrugada e o início da manhã de 2 de abril. O marido, de 51 anos, foi detido dois dias após a morte, suspeito de tê-la assassinado no apartamento da família no bairro Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte. 

Pinho está preso desde agosto do ano passado e teve a detenção mantida em maio deste ano, após entrar com um pedido de habeas corpus, que foi negado por unanimidade pelos desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Depoimentos

O depoimento do pai da vítima iniciou por volta de 9h30. Marco Aurélio contou que o genro era quem usava o celular de Lorenza e respondia as mensagens como se fosse ela, impedindo ele de manter contato com a filha. O idoso relatou ainda que a filha estava com depressão.

Segundo o familiar, depois do crime ele teve acesso a vídeos que mostravam Lorenza com a saúde fragilizada. Marco Aurélio ainda relatou que André de Pinho teria tentado impedir o acesso da irmã gêmea da vítima ao funeral. 

"No caminho para BH, eu recebi uma mensagem dizendo que o funeral seria realizado no dia 3 de abril, às 12h, somente com 10 pessoas no recinto, e estava proibida a presença da minha filha, irmã gêmea da Lorenza, no recinto. Mensagem que foi enviado pelo André de Pinho", recorda. 

O pai de Lorenza detalha que as filhas não se falavam há cerca de 6 anos por intrigas causadas pelo réu. Uma das brigas teria sido motivada pela suposta ligação do promotor para o emprego de Lorenza, pedindo que ela fosse despedida.

Familiares de Lorenza de Pinho afixam faixa na porta do TJMG onde acontece o julgamento. (Valéria Marques / Hoje em Dia)

Familiares de Lorenza de Pinho afixam faixa na porta do TJMG onde acontece o julgamento. (Valéria Marques / Hoje em Dia)

Além do depoimento do pai de Lorenza, está previsto para esta segunda-feira o interrogatório do réu, promotor André Luís Garcia de Pinho. Há ainda a previsão de que outras 27 pessoas sejam ouvidas presencialmente e uma por videoconferência. A irmã gêmea, a madrasta e uma tia de Lorenza também devem ser ouvidas durante a audiência. 

Denúncia

Em agosto do ano passado, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou o promotor pelo assassinato de Lorenza Maria Silva de Pinho. André foi preso dois dias após o crime e segue em prisão preventiva desde então.

Na denúncia, o MPMG acusa André por crime de feminicídio com três agravantes: motivo torpe, meio cruel e meio que dificultou a defesa da vítima. Dois médicos que assinaram o atestado de óbito de Lorenza também foram indiciados por terem fraudado o documento, mas eles respondem ao crime em outro processo.

Conforme denúncia do Ministério Público, André matou Lorenza porque ela "havia se tornado um peso para ele" em razão de problemas com álcool e remédios e de uma depressão profunda.

Relembre o caso

Lorenza morreu no dia 2 de abril, no apartamento onde morava, no bairro Buritis, região Oeste de BH, inicialmente por engasgar. O corpo chegou a ser levado para uma funerária, mas um delegado determinou que fosse encaminhado ao Instituto Médico Legal. O promotor sempre negou ter cometido o crime, mas foi preso dois dias após a morte da mulher.

A prisão de André foi confirmada pela Justiça no dia 3 de maio, pouco antes de vencer o prazo da prisão temporária. A decisão atendeu pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). No dia 12 de maio o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu, por unanimidade, pela manutenção da prisão preventiva do promotor.

Lorenza deixou cinco filhos, de 2, 7, 10, 15 e 16 anos. Em audiência na Vara da Infância e Juventude, a Justiça decidiu, provisoriamente, que a guarda ficaria com amigos próximos ao casal.  

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