Pesando no bolso

Cenoura e tomate foram 'vilões' da alta da inflação nos últimos meses, aponta pesquisa do IBGE

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
20/04/2022 às 18:18.
Atualizado em 20/04/2022 às 18:31

A alta da inflação no Brasil está sendo puxada principalmente pelos alimentos e bebidas, que correspondem a oito dos 10 produtos que mais subiram os preços, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os consumidores que costumam ir a supermercados e sacolões já percebem que vários hortifrutigranjeiros estão mais caros.

Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,62%, o maior patamar para o mês desde 1994, revela o IBGE.

Um levantamento do instituto mostra que a cenoura foi o item com maior elevação em 12 meses: 166%.

De acordo com o coordenador estadual de Olericultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Georgeton Soares, Minas Gerais e São Paulo são os maiores produtores de cenoura do Brasil e os dois estados sofreram com o excesso de chuvas no início do ano, que culminaram na perda das lavouras.

"As fortes precipitações também impediram o cultivo de novas áreas e o escalonamento da produção como ocorre normalmente. Com isso, houve uma descontinuidade da produção e a menor oferta de cenoura provocou a alta do produto", explica Georgeton.

O tomate é outro alimento nas primeiras posições do ranking do IBGE. O preço do alimento subiu 94,55% e, segundo o especialista da Emater-MG, a cultura é de alto risco no período chuvoso.

“Por ser em campo aberto, o produtor reduz o cultivo na época de chuvas. Atualmente, o custo de produção de um hectare de tomate é cerca de R$110 mil, um prejuízo muito alto em caso de perda, principalmente se levarmos em conta que aproximadamente 60% dos produtores da cultura são da agricultura familiar”, comenta.

Georgeton Soares observa que, em momentos de menor oferta de certos alimentos, o consumidor deve ficar atento na hora de fazer as compras, pesquisar preços e até fazer a substituição do cardápio por produtos que estejam mais em conta. "Atualmente, o inhame, a mandioca, a moranga e o pepino são ótimas alternativas", sugere o especialista.

Tendência dos preços
Além da cenoura e do tomate, outros alimentos que subiram mais de 50% no acumulado de 12 meses e ajudaram a puxar a inflação foram o pimentão (80,44%), o melão (68,95%), a melancia (66,42%), o repolho (64,79%), o café moído (64,66%) e o mamão (54,95%), conforme o levantamento do IBGE.

Contudo, os preços elevados das hortaliças devem começar a cair a partir de maio. Segundo o coordenador da Emater-MG, as produções foram retomadas em março e a expectativa é de  aumento da oferta de cenoura e tomate em maio, o que deve trazer maior equilíbrio dos preços para esses e outros produtos que sofreram com as chuvas do início do ano.

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