Cerrados sob ameaças

Do Hoje em Dia
15/08/2012 às 07:13.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:28

Agosto é mês perigoso para um dos principais biomas de Minas Gerais, o cerrado. É a época do ano em que ocorrem mais ventanias. O vento faz tremer a vegetação já ressequida pela falta de chuva e pelo frio do inverno.  O perigo continua até as primeiras chuvas da primavera. Mas o fogo, ao contrário do que muitos imaginam, não é a maior ameaça que nosso cerrado enfrenta.  Realmente, causa forte impacto quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais divulga, como fez há pouco, que neste ano já foram mapeados mais de 22 mil focos de incêndios nos cerrados brasileiros. Mas a vegetação do cerrado está naturalmente preparada para sobreviver ao fogo. É errado, portanto, dizer que tantos mil hectares foram destruídos pelos incêndios. Ele costuma matar, isso sim, animais que vivem nos cerrados, inúmeros e de várias espécies, e que não conseguem fugir a tempo do fogo. Árvores típicas dos cerrados, com suas cascas grossas, resistem bem às chamas e os arbustos renascem em seu esplendor verde logo que as chuvas, generosas, começam a cair.   O que costuma destruir cerrados é sua exploração predatória pelo homem. Com a tecnologia que vem sendo desenvolvida pela Embrapa e outros centros de pesquisa agropecuária desde inícios da década de 1970, o Brasil passou a aproveitar economicamente boa parte dos 297 milhões de hectares de cerrados, para a produção de grãos, carne e leite.    Segundo dados da Embrapa, 42% do rebanho brasileiro vivem em áreas de cerrado e respondem por 55% da carne produzida no país. Em Minas, as regiões de cerrado no Alto Paranaíba e Triângulo mineiro lideram a produção de leite no Estado.Técnicos garantem que é possível continuar produzindo muito nos cerrados e, ao mesmo tempo, preservar parte importante desse bioma. É uma questão certamente controversa. E se não for possível, já se sabe quem vai perder, nessa luta pela sobrevivência entre o homem e a natureza.   É certo que no primeiro momento não será o homem, que continuará extraindo das áreas antes ocupadas pela vegetação natural, parte significativa da produção agropecuária mineira. Mas chegará um momento em que, ou aprende a conviver racionalmente com a natureza, ou não poderá, com o seu trabalho, responder por parte significativa das exportações de Minas Gerais. Como informou na terça-feira este jornal, só em julho as exportações do agronegócio mineiro somaram US$ 450 milhões. Excelente, mas todo cuidado é pouco. 

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