Julgamento em BH

Chacina de Unaí: no 2º dia de julgamento testemunhas de defesa começam a ser ouvidas

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
25/05/2022 às 20:54.
Atualizado em 25/05/2022 às 21:01
 (Valéria Marques / Hoje em Dia)

(Valéria Marques / Hoje em Dia)

O julgamento do ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de auditores fiscais e de um motorista,  chegou ao segundo dia de oitivas nesta quarta-feira (25), na sede da Justiça Federal, no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

A sessão começou às 9h e, até às 19h40, seis testemunhas de acusação e uma de defesa tinham apresentado aos jurados e ao juiz suas versões sobre a chacina. Ao todo, durante o julgamento, serão ouvidas seis testemunhas de defesa e 14 de acusação, sendo dois réus colaboradores.

Depoimentos 

Nesta quarta, Erinaldo Silva, condenado por ser um dos 'pistoleiros' da chacina de Unaí, contou que o fazendeiro estava presente em uma reunião, onde foi selado o destino dos auditores fiscais e do motorista. O encontro, segundo ele, ocorreu em um posto de gasolina. E Antério Mânica estaria dentro de um carro, modelo Fiat Marea. 

A defesa, liderada pelo advogado Marcelo Leonardo, confrontou Erinaldo sobre a afirmação de que Antério estaria no veículo. Na avaliação dele, as histórias estavam "confusas" e no julgamento anterior, ocorrido em 2015, Erinaldo não havia apontado, explicitamente, a presença de Antério no carro. 

Erinaldo, então, respondeu que Chico Pinheiro contou a ele, na prisão, pouco antes de morrer, sobre a presença de Antério no veículo quando ocorreu a reunião.

A defesa também citou o fato de Erinaldo ter firmado acordo de delação premiada para cumprir prisão em regime aberto.

Relembre o caso 
Em 28 de janeiro de 2004, os auditores João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados com tiros à queima-roupa, em uma emboscada na zona rural de Unaí. 

As primeiras prisões envolvendo o caso só ocorreram em 2013, uma década após os assassinatos. Na ocasião, três pessoas — Rogério Alan, Erinaldo Silva e William Gomes — acusadas de serem “pistoleiros”, foram condenadas a penas que, juntas, somam 226 anos de prisão.

Os intermediadores do crime, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.

O ex-prefeito de Unaí Antério Mânica e o irmão dele, Norberto, dois grandes produtores de feijão do país, foram apontados pelo Ministério Público Federal (MPF) como mandantes do crime.

A sentença deles saiu em 2015, cada um sentenciado a cumprir 100 anos de prisão. Apesar de o MPF pedir a prisão imediata dos réus, a Justiça permitiu que ambos recorressem em liberdade.

Em 2018, no entanto, uma reviravolta mudou os rumos do processo, quando o TRF-1 anulou a condenação de Antério Mânica. Em virtude da anulação, o ex-prefeito é submetido a novo julgamento,  nesta semana.

Na época da anulação, Norberto Mânica, que também recorre em liberdade, prestou depoimento e sustentou ser o único mandante do crime, inocentando o irmão.

Os depoimentos seguem nesta quinta-feira (25) e a previsão é de que a sentença saia na sexta-feira (27). 

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